24/08/2015 15h21 – Atualizado em 24/08/2015 15h21
O baixo estoque de bovinos machos em Mato Grosso se estabilizará só em 2017, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). De acordo com entidades e criadores de Mato Grosso do Sul e Goiás, a previsão também se aplica ao rebanho de reprodutores, o que tem estimulado a valorização dos touros em até 30% na região Centro-Oeste. Além do estoque baixista, a previsão se baseia nos preços praticados em leilões e na grande procura, que aumenta com a proximidade da estação de monta.
A alta demanda por reprodutores em Crixás (GO) fez com que o presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), Clarismino Luiz Pereira Júnior, comercializasse touros com 19 meses de idade. “Geralmente vendo quando o animal atinge 24 meses, mas a expressiva demanda fez com que eu entregasse 10 touros bastante jovens. O que observo é o medo dos pecuaristas de não ter touros na estação de monta”, detalha Pereira Júnior referindo-se ao período de acasalamento dos animais, que inicia em novembro.
A Associação Sul-Mato-Grossense de Criadores de Nelore (Nelore MS) estima que a valorização dos touros Puros de Origem (PO), chegue a 20% no Estado, em relação ao mesmo período do ano passado. “Em Mato Grosso do Sul verificamos que a falta de fêmeas e de bezerros puxa o preço dos touros, e o animal de 30 meses que comprávamos por cerca de R$ 11 mil, atualmente chega a custar R$ 14 mil”, destaca o diretor da entidade, José Pedro Budib.
Atrelada às altas cotações do complexo agroindustrial da carne, a precificação dos touros, responsáveis por mais da metade do potencial genético de um rebanho, é vista como natural pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). “É natural que uma mercadoria se valorize quando tem a demanda aquecida. A pecuária mato-grossense e brasileira estão demandando bezerros e bezerras para aumentar a oferta de animais acabados”, pontua o consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira. “Com a redução do abate de fêmeas e a valorização do preço do bezerro o segmento de cria busca aumentar a oferta e, assim, vemos o touro valorizado. Este aumento de preços tende a se estabilizar em Mato Grosso, em função de que os criadores que produzem genética são altamente especializados e ofertam anualmente touros em quantidade e qualidade que o mercado exige”, completa.
Mesmo com a valorização, Pereira Júnior, afirma que não existe ferramenta mais barata que um bom reprodutor. “Um touro é capaz de melhorar um rebanho inteiro por meio da genética multiplicada na progênie, o que faz dele uma ferramenta eficaz e de baixo custo, se levado em consideração os benefícios”, enfatiza.
De olho neste mercado que amplia a comercialização de touros conforme se aproxima a estação de monta, em Cáceres (MT), a Agropecuária Grendene se prepara anualmente e disponibilizará aos produtores rurais 1000 touros de uma só vez, no dia 30 agosto. “Nesta época do ano é estratégica a comercialização de animais que vão impactar positivamente no rebanho de outros criadores. Mas para mantermos a valorização, desenvolvemos uma seleção genética apurada, oferecendo animais com diferencial no que diz respeito à produtividade e precocidade, itens desejados por todos pecuaristas”, destaca o diretor da Fazenda, Ilson Corrêa.
Segundo o técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Fábio Ferreira, neste momento, segurar as matrizes e investir em touros é uma estratégia sábia. “O mercado de cria se mantém firme, mas com oferta restrita, com isso os pecuaristas precisam aumentar o número de matrizes e investir em touros com genética comprovada, que acabam por se valorizar pela seleção genética, chegando a 30 ou 40% a mais quanto ao valor pago em 2014”, finaliza.