02/12/2015 14h07 – Atualizado em 02/12/2015 14h07
O mercado de commodities agrícolas está na antessala de um ciclo negativo, que pode estourar agora em 2016. A afirmação é de Fernando Katsonis, diretor e analista-chefe da Lifetime Agro, braço de agronegócios da consultoria financeira Lifetime Investimentos. “Como o segmento de commodities é cíclico e temos vivenciado uma sequência de bons anos, antevejo que estamos perto de ter um ano ruim.”
Segundo Katsonis, margens cada vez mais apertadas e aumento no preço dos insumos – em razão da valorização do dólar – são os dois principais motivos para que o produtor rural tenha muita cautela no próximo ano. “O produtor que não se preparar para uma nova realidade, e achar que 2016 será igual a 2015, certamente terá dificuldades. Um planejamento financeiro eficiente será fundamental para enfrentar este ciclo negativo.”
Para a grande safra de grãos que está sendo plantada, o consultor diz não ver muito problema, já que o câmbio não deve cair abaixo de R$ 3,50, o que, segundo ele, já garante lucratividade para os grãos.
No entanto, para não ficar à mercê do clima, cotações em bolsa e do dólar, Katsonis enfatiza a importância de o produtor controlar o risco, usando as opções disponíveis no mercado financeiro, como, por exemplo, o hedge [travar o preço de venda].
“Adotando este tipo de comportamento, o produtor não vai ficar pressionado em ter que vender no momento de pico da safra, correndo o sério risco de ter que entregar sua produção pelo preço que a ‘trade’ oferecer, e não o que seria justo de mercado.”
Dados da Lifetime Agro apontam que somente 30% da produção brasileira de commodities estão protegidas contra riscos financeiros. “Fazer hedge ainda não é praxe no agronegócio, é um desafio cultural”, avalia Katsonis. “Mas isso está mudando, com a troca de gerações que temos observado no campo.”
Fonte: Universo Agro