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Mitos e verdades sobre o clima na região de Dourados

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22/12/2015 14h50 – Atualizado em 22/12/2015 14h50

Carlos Ricardo Fietz – Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste; Gabriela Moreira Ferreira – Graduanda em Engenharia Ambiental/UEMS

As estações meteorológicas da Embrapa Agropecuária Oeste começaram a
operar em junho de 1979. Desde então, os dados coletados nessas estações
passaram a formar uma série de dados meteorológicos, atualmente com 37
anos, que continua a ser atualizada diariamente com informações climáticas da
região. Quando se analisa essa série histórica é possível ter uma visão
detalhada do comportamento do clima da região e também avaliar se algumas
afirmações sobre clima, ditas e ouvidas frequentemente no dia-a-dia são falsas
ou verdadeiras. Verifique se você conhece o clima da região de Dourados.
Responda se as nove afirmativas a seguir são mitos ou verdades. Após veja as
respostas, elaboradas com base na série histórica.

  • Na região de Dourados não ocorrem temperaturas negativas.

Mito. Há 15 registros de temperaturas negativas na série histórica. A grande
maioria ocorreu em julho (73%), mas também há registros em junho (20%) e
agosto (7%). A menor temperatura foi -1,9°C em 17 de julho de 2000 e a mais
recente ocorreu em 25 de julho de 2013, quando foi registrado -0,5°C. Nesta
data houve formação de geadas de intensidade forte em vários locais da
região.

  • Raramente ocorrem na região temperaturas superiores a 40°C.

Verdadeiro. Há apenas quatro registros de temperaturas maiores que 40°C
nesses 37 anos. Em 1985 há dois registros, em 17 e 18 de novembro,
atingindo 40,1°C e 40,2°C, respectivamente. Em 26 de setembro de 2004 a
temperatura atingiu 40,7°C, mas a mais alta da série foi 40,8°C e ocorreu em
17 de outubro de 2014.

  • Em janeiro há maior ocorrência de dias muito quentes.

Mito. Considera-se dia quente aquele em que a temperatura supera 33°C.
Apesar de janeiro ser o mês do ano com maior temperatura média (25,5°C),
quase metade dos dias muito quentes nos últimos 37 anos ocorreram no
período de agosto a novembro, principalmente em outubro. Em outubro
também há 21 registros de dias com temperaturas superiores a 38°C, enquanto
em janeiro há apenas um.

  • Ondas de calor são eventos comuns na região.

Verdadeiro. Uma onda de calor é caracterizada por uma sequência de dias
muito quentes, com temperaturas superiores a 33°C. Desde 1979, ocorreram
na região de Dourados 29 ondas de calor, com 10 ou mais dias de duração.
Em 2002, houve três ondas de calor e também neste ano ocorreu a mais
extensa, com duração de 27 dias. A onda de calor mais recente foi em 2015,
no período de 15 a 25 de setembro, com duração de 11 dias.

  • Dezembro e janeiro são os meses em que ocorrem os menores índices de umidade do ar.

Mito. Os meses com os menores índices de umidade de ar são agosto e
setembro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis de umidade
do ar inferiores a 30% podem ser prejudiciais à saúde humana. Na região de
Dourados, desde 2001, há 845 registros de dias com umidade do ar inferior a
30%. Mais da metade destes registros ocorreram nos meses de agosto, 255
registros, e setembro, 201 registros. Em dezembro e janeiro há apenas 25 e 19
ocorrências, respectivamente, por serem estes os meses mais chuvosos do ano.

  • Agosto é o mês do ano em que ocorrem os ventos mais fortes na região.

Mito. Desde janeiro de 2009 há 243 dias com registros de rajadas fortes de
vento, superiores a 30 km/h. A maior parte desses dias ocorreu no período de
setembro a novembro. Outubro é o mês com maior frequência, 30 registros,
seguido de setembro, 28 ocorrências. Em agosto foram registradas rajadas
fortes de vento em 19 ocasiões.

  • Dezembro e janeiro são os meses mais chuvosos e também os que ocorrem as chuvas mais intensas.

Verdadeiro. O mês mais chuvoso do ano é dezembro, com média de 176mm,
seguido de janeiro, com 159mm. Desde 1979, há 12 registros de chuvas com
mais de 100mm em um único dia. A maior chuva diária ocorreu em 8 de
dezembro de 2006, totalizando 148mm. Desde 2009 há 60 registros de chuvas
horárias com mais de 20mm. Mais da metade dessas ocorrências foram nos
meses de verão, de dezembro a março, principalmente em janeiro. A maior
chuva horária foi 51mm e ocorreu em 18 de março de 2013. Recentemente, em
2 de novembro de 2015, foram registrados 48mm de chuva em uma hora. Vale
lembrar que 1mm de chuva significa 1 litro de água em cada metro quadrado
de superfície.

  • Sempre chove nos feriados de 7 setembro (Independência do

Brasil) e 2 de novembro (Dia de Finados).
Mito. Em 37 anos houve apenas 9 ocorrências de chuva em 7 de setembro,
menos de um quarto dos registros. No feriado do Dia de Finados houve 17
ocorrências, portanto, menos da metade das vezes.

  • Chuvas de granizo são comuns na região de Dourados.

Mito. Em 19 anos, de 1980 a 1998, há 18 registros de granizo na estação
meteorológica da Embrapa de Dourados. Portanto, em média, menos de uma
ocorrência de granizo por ano. Isso se deve ao granizo se formar em um tipo
específico de nuvem, a cumulonimbus. Essas nuvens, geralmente
acompanhadas de ventos fortes e de descargas elétricas, necessitam de
condições específicas para se formar, com temperaturas elevadas e alto índice
de umidade do ar. Além disso, a chuva de granizo costuma ser localizada, não
atingindo grandes áreas.

Mitos e verdades sobre o clima na região de Dourados

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