29/03/2016 17h12 – Atualizado em 29/03/2016 17h12
Nesta quarta-feira (2/3), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) ouviu o delegado da Polícia Federal (PF), Marcelo Alexandrino de Oliveira que presidiu o inquérito policial da reintegração de posse da Fazenda Buriti, em 2013, ocasião que houve a morte do indígena Oziel Gabriel.
“Efetivamente os integrantes do Cimi instigaram os indígenas a continuar na área invadida e a resistirem a ordem judicial. Inclusive no inquérito os indígenas foram indiciados por formação de quadrilha”, afirmou Marcelo. E advertiu: “Se não fosse a incitação do Cimi com certeza os indígenas teriam saindo da fazenda de forma pacifica e em consequência disso a morte do indígena Oziel teria sido evitada”.
O delegado assegurou que na reintegração de posse da Fazenda Buriti foram aprendidas armas de fogo e que havia uma de fabricação caseira. Acrescentou ainda que um militante do Cimi foi pego com um manual de como fazer bomba caseira.
Quando questionado se havia possibilidade de ter uma organização que esteja agindo por trás de tudo o delegado avaliou que sim. “O inquérito mostra que sim e dá indícios que pode ter uma organização que pode agir em todo o Brasil”, admitiu. E destacou ainda que é competência da Polícia Federal apurar os crimes contra as comunidades indígenas e que a PF é a favor dos indígenas porque sua função é a de proteger. Registrou também que o relato do inquérito policial da reintegração de posse foi entregue no ano passado para o Ministério Público Federal (MPF).
A deputada Mara Caseiro que preside a CPI avaliou como produtiva a reunião. “Recebemos muitas informações, o inquérito que a Policia Federal nos enviou a nosso pedido tem um teor de detalhes, foi um trabalho muito bem feito e detalhado. E trouxe a questão de que na Fazenda Buriti os indígenas foram incentivados a não desocuparem a área e a desobedecer uma decisão judicial por integrantes do Cimi e após esse não cumprimento ocorre uma morte quem é que deveria ser o culpado desta morte? Ora quem incentivou a desobediência da lei”, enfatizou a parlamentar.
Oitivas – Para a próxima reunião da Comissão que será no dia 9/3, a partir das 14h, no Plenário Deputado Júlio Maia estão previstas oitivas com o advogado Luiz Henrique Eloy, o cacique Ramon, o indígena Edson Candelário e o professor Estevinho.
CPI – O objetivo da Comissão é investigar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), quanto a denúncias de incitação de conflitos por terras em Mato Grosso do Sul entre indígenas e proprietários rurais. A CPI do Cimi é composta ainda pelo vice-presidente, deputado Marquinhos Trad e o relator, deputado Paulo Corrêa (PR). Também são membros da comissão os deputados Onevan de Matos (PSDB) e Pedro Kemp (PT). De acordo com o Regimento da Casa de Leis a data de término da CPI será no 11 de maio de deste ano.