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quinta-feira, 31 de outubro de 2024
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Setor de florestas batalha para elevar produtividade, mas clima atrapalha

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31/03/2016 11h05 – Atualizado em 31/03/2016 11h05

O ganho de produtividade continua no radar das fabricantes de celulose como fator decisivo para manter a competitividade. No entanto, especialistas dizem que as mudanças climáticas têm dificultado o avanço no setor florestal. Um levantamento da consultoria Pöyry revela redução de 6% na produtividade da indústria entre 2010 e 2015. As pesquisas mostram que o rendimento médio do setor nesse período caiu no Brasil por diferentes motivos , explicou o diretor de consultoria em negócios florestais da Pöyry, Jefferson Mendes.
As mudanças climáticas no período foram o principal fator que impactou o rendimento das florestas da indústria de celulose, já que as árvores não estavam adaptadas às alterações no clima.

A redução de investimentos no setor entre 2008 e 2010, reflexo da crise econômica mundial, o processo de exaustão do solo das florestas e a seleção precoce de clones das árvores como o eucalipto, usado para produção de fibra curta de celulose, foram destacados pelo consultor da Pöyry como fatores que ajudam a explicar a redução na produtividade do setor.

Para o gerente de planejamento e controle florestal da Eldorado, Carlos Justo, essa queda do rendimento nos últimos anos é resultado, principalmente, da busca por áreas mais baratas para expansão do plantio. Nos últimos anos, as indústrias de celulose se instalaram em regiões com condições climáticas mais adversas, disse ele.
A produtividade de uma floresta depende de muitos fatores, como água disponível para irrigação, precipitações e logística. Mas regiões como São Paulo e Paraná, embora tenham melhores condições de clima, as terras são muito caras e há áreas pequenas disponíveis. A alternativa é buscar novas áreas como no Mato Grosso do Sul , afirmou.
A produtividade das florestas da Eldorado hoje é de 40 metros cúbicos de eucalipto por hectare colhido por ano. Os clones plantados hoje e que serão colhidos em cerca de seis anos tem projeção de render 42 metros cúbicos por hectare. A média brasileira atual é de 39 metros cúbicos por hectare.

Carlos Justo lembrou que, como as novas regiões estão recebendo os primeiros ciclos de plantio e colheita de eucalipto, as indústrias ainda estão desenvolvendo processos de melhoramento genético para ter clones adaptados.

Já o presidente da Celulose Riograndense, Walter Lidio, contou que não observou impacto negativo do clima na produtividade das florestas da empresa no Sul do País.

Pode ser que em outras regiões essas variações tenham prejudicado as florestas de outras fabricantes. Uma flutuação do rendimento é normal, mas isso não faz a indústria perder competitividade obrigatoriamente. Em alguns casos você perde um pouco de produtividade em um aspecto e ganha em outro , citou ele.

Investimento

Na avaliação de Jefferson Mendes, da Pöyry, embora tenha perdido rendimento nos últimos anos, a indústria de celulose vem trabalhando para superar esse recuo com aportes em biotecnologia e silvicultura para explorar novos processos de plantio de clones.

Teremos que fazer um esforço para recuperar e aumentar a produtividade média, mas nos últimos cinco anos as empresas investiram bastante e o setor ainda é muito competitivo tanto em eucalipto como em pinus , comentou Mendes.

A Eldorado continua investindo em melhoramento genético e na produtividade das florestas. Carlos Justos revelou que a companhia tem um índice de mecanização dos processos florestais 27% maior em relação a média do setor. Os custos com irrigação das áreas de plantio também foi reduzido. Estamos trabalhando com a quarta tecnologia de irrigação, com custos 60% menores , detalhou o executivo.

Na parte industrial, a companhia vem investindo na eliminação de gargalos para ampliara produção de celulose. Segundo o gerente de produção da fábrica da Eldorado, Marcelo Martins, o digestor – equipamento responsável por separar a fibra de celulose do restante da madeira – teve a sua capacidade ampliada em até 8% com melhorias em uma das ações para eliminar gargalos na planta da empresa.

Estamos sempre direcionando investimentos para eliminar gargalos na produção e em três anos conseguimos ampliar de 1,5 milhão para 1,7 milhão de toneladas a capacidade da nossa fabrica , disse ele.

Manutenção

A concorrente Fibria continua investindo no melhoramento genético. A companhia faz um investimento grande em genética para encontrar e desenvolver os melhores clones de eucalipto, para não só aumentar a produtividade, mas garantir uma melhor qualidade da celulose , explicou o coordenador de biotecnologia da Fibria, Alexandre Missiaggia, em entrevista recente ao DCI.

A Fibria, assim como a Eldorado, conseguiu ampliar de 12 para 15 meses o intervalo de parada para manutenção obrigatória nas caldeiras. A medida também deve contribuir para elevar a produtividade do setor nos próximos anos.

A Celulose Riograndense também está investindo para aumentar o rendimento e se manter competitiva.
Procuramos sempre aprimorar a operação como um todo e aumentar o intervalo entre paradas para manutenção da fábrica é um dos nossos objetivos principais , disse Lidio.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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