06/04/2016 11h21 – Atualizado em 06/04/2016 11h21
Escolas da rede estadual fluminense têm se beneficiado cada vez mais com a aquisição de alimentos produzidos de forma sustentável
O ambiente escolar tem se tornado um importante espaço de interação entre a vida urbana e rural. Por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o acesso a alimentos da agricultura familiar tem sido uma realidade cada vez mais comum na vida dos estudantes. Desde 2009, uma lei determina que no mínimo 30% do valor repassado aos estados, municípios e ao Distrito Federal, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o PNAE, deve ser utilizado na compra de alimentos diretamente da agricultura familiar.
Para a nutricionista Ana Paula Santos, essa determinação integra o próprio processo educacional. “A importância nutricional dos produtos da agricultura familiar, primeiramente, vai além dos benefícios fisiológicos. Ela estimula uma nova consciência humana a respeito dos reinos animal, vegetal e mineral, o que fortalece o sentimento de importância dada à natureza e aos alimentos ofertados por ela”, destaca. Segundo a nutricionista, o fato de os alimentos da agricultura familiar serem produzidos em locais próximos às escolas atendidas também é um benefício, já que evita perdas nutricionais durante o transporte e dispensa o processamento dos produtos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC), a aquisição de alimentos da agricultura familiar já está presente em cerca de 1.000 escolas da rede estadual fluminense, incentivando a economia local e estimulando a agrobiodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais. Para atender aos estabelecimentos de ensino, são mobilizados 91 fornecedores individuais, 18 grupos informais e 25 cooperativas em todo o estado.
O Programa Rio Rural, por meio do trabalho de extensão da Emater-Rio, busca orientar e instigar os produtores atendidos a aproveitar a oportunidade do PNAE, que pode significar uma garantia a mais de renda. Um exemplo é o agricultor Onofre de Souza Pereira, que em 2014 forneceu individualmente verduras para escolas do município de São Gonçalo, no Grande Rio, e agora em 2016 se prepara para fornecê-las novamente de uma cooperativa.
“O PNAE impulsiona a nossa produção porque recebemos remuneração com preço final de mercado. Além disso, nosso alimento tem muita qualidade porque é natural, produzido com adubo orgânico. A diferença em relação a outros produtos do mercado é muito grande”, ressalta o agricultor. Este ano ele deverá fornecer semanalmente para escolas de São Gonçalo cerca de 220 pés de alface, produzidos com adubação orgânica.
Para a nutricionista Ana Paula, essa preocupação com a sustentabilidade, característica da agricultura familiar apoiada pelo Rio Rural, também é muito importante para a melhoria da qualidade nutricional da merenda. “Com maior potencial de nutrientes, os alimentos da agricultura familiar promovem um equilíbrio orgânico que favorece o crescimento e o desenvolvimento dos estudantes, o desempenho escolar, o fortalecimento do sistema imunológico, o potencial criativo e o peso saudável”, conclui.