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Câmbio e produção dos EUA ditam o preço de grãos no mercado mundial

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14/04/2016 11h30 – Atualizado em 14/04/2016 11h30

Antes de subir ao palco do Auditório 1 do Centro Tecnológico COMIGO (CTC) na tarde desta terça-feira, 12, o Diretor de Commodities da INTL FCStone, Glauco Monte, ficou rodeado por produtores presentes na TECNOSHOW COMIGO, que fizeram a pergunta mais recorrente no mercado de grãos atualmente e que não quer calar: qual será o preço das próximas safras?

Ao iniciar a palestra ‘Mercado de grãos no Brasil: cenários e perspectivas’, o especialista foi incisivo ao afirmar que muito mais do que definir um cenário favorável para bons preços, é preciso entender quais são os fatores que vão afetar efetivamente o preço e a rentabilidade do produtor. “Mais do que quanto o Brasil vai produzir, interessa o quanto o País vai exportar”, explicou.

A partir de 2015, segundo Glauco, a elevada taxa de câmbio passou a influenciar cada vez mais o preço da soja no mercado internacional, que é ditado especialmente pela produção dos Estados Unidos, onde a previsão é de mais uma safra recorde e, consequentemente, estoque em alta. Esse cenário deve pressionar os preços de exportação para baixo. “Nas cotações da Bolsa de Chicago, de 70% a 80% do peso do valor das exportações é relacionado ao mercado americano. Preços acima da média atual seriam influenciados mais por uma nova quebra de safra nos EUA do que a outros fatores”, explicou.

Essa recomposição do estoque norte-americano após a quebra de safra em 2012 deixou o país menos competitivo, elevando os índices das exportações de soja do Brasil, que deve ter uma produção recorde na safra 2015/2016, em torno de 97 milhões de toneladas.

A expectativa da INTL FCStone é de estoques apertados mais uma vez por aqui, já que a demanda pelo grão no cenário internacional continua crescente, principalmente pelo crescimento do consumo da China, cuja projeção é de aumento com relação ao ano passado, de 80 para 84 milhões de toneladas, mesmo com a queda no crescimento populacional. É que, conforme o consultor, a alta na renda per capita do chinês tem impulsionado o crescimento no consumo de carnes no País, cuja produção exige grandes quantidade de derivados de soja.

Cenário político

Glauco também frisou durante a palestra que o atual cenário político brasileiro vai interferir diretamente na competitividade da soja produzida no Brasil, já que a taxa cambial tem reagido conforme as decisões tomadas no Congresso Nacional. Em caso de queda no valor do dólar a patamares próximos a R$ 3,10, a previsão é de uma soja menos competitiva com relação à americana. Já com a moeda americana cotada a R$ 4,10 ou mais, o cenário seria de valorização no mercado mundial. A decisão de produção da safra 2016/17 também poderá ser afetada, uma vez que o câmbio influencia os custos e o preço de venda do grão.

Milho

Desde abril de 2015, o Brasil tem o milho mais barato do mundo, especialmente no mercado interno. Com o dólar em alta, a consequência para o produtor foi a queda no frete, que barateou os custos e incentivou as exportações em 2015. Resultado: o mercado interno foi esvaziado e o grão atingiu preços recordes. Mas a queda na taxa cambial, que tem reagido diante das decisões tomadas em Brasília, também vai mexer na competitividade do grão no mercado como um todo.

Glauco afirma que com o dólar a R$ 3,50, a projeção é a desvalorização do milho brasileiro que saem dos portos. “Não sendo tão competitivo no cenário internacional, as exportações devem cair e vai sobrar mais milho no mercado interno, dependendo do tamanho da safrinha”, completou, diante da expectativa de uma safrinha um pouco maior, apesar dos problemas que o produtor vem enfrentando com o clima.

Mais sobre a TECNOSHOW COMIGO
Com a proposta de auxiliar o produtor rural, a COMIGO iniciou, em 2002, o trabalho de geração e difusão de tecnologias agropecuárias, em Rio Verde, numa área que hoje ultrapassa 130 hectares (área total do CTC), onde a cooperativa promove experiências tecnológicas o ano todo, em parceria com diversas instituições de pesquisa, de ensino e outras empresas.

Fonte: Agrolink

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