15/04/2016 12h40 – Atualizado em 15/04/2016 12h40
Uma lista de nomes de pessoas contratadas pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), com denúncias e provas de envolvimento em situações de conflitos, com incentivo aos indígenas para retomada de terras no Estado, foi apresentada, nesta quarta-feira (13), durante sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O presidente da entidade, Dom Roque Paloschi, recebeu denúncias, mostrou-se envergonhado e prometeu respostas e medidas cabíveis.
Os deputados que compõem a CPI apresentaram, dentre os casos, o episódio em que um jornalista do Cimi, portava um notebook que continha um “manual anarquista”, com instruções de como fabricar bombas caseiras, gás lacrimogênio, armas artesanais, dentre outras orientações de cunho violento, além de dicas de como fraudar contas bancárias. “Como presidente, não tenho como controlar o que cada um carrega no celular ou equipamento. Não podemos admitir qualquer atitude contrária e garanto que não é orientação do Cimi motivar ou incentivar as ocupações”, alegou. O deputado Paulo Correa (PR), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, questionou a postura da entidade diante de atitudes duvidosas dos contratados. Marquinhos Trad (PMDB), deputado que integra a CPI, julga como lamentável a ausência de punição do Cimi quanto aos contratos com atitudes suspeitas. “Não foi feito nada para punir qualquer atitude irregular?”, perguntou. Como resposta, Paloschi prometeu maior rigor. “Vamos averiguar e tomar as medidas cabíveis”, garantiu Paloschi.
Os deputados também apresentaram um livro ata de 2009, de uma reunião do Cimi, que relata, com detalhes o armamento indígena e afirmações de resistência às lutas que ocorrem no Estado, deixando claro a incitação do Cimi. “Nos envergonhamos disso”, confessou Paloschi, mostrando-se surpreso com as declarações.
A CPI questionou o presidente do Cimi quanto à remuneração dos contratados. “Os missionários recebem uma ajuda mensal, na média de dois salários mínimos para despesas básicas”, esclareceu. “Quem presta serviço, também recebe”, complementou, ao ser questionado sobre a atuação do advogado Luiz Henrique Eloy Amado.
Eloy, advogado do Cimi, foi chamado a depor na CPI e não compareceu a duas oitivas. No dia 21 de março, Eloy, apontado como cacique da Aldeia Ypeg pelo indígena e cacique da aldeia Argola, Edson Candelário, se recusou a assinar o termo de compromisso da CPI que responsabiliza o depoente de dizer a verdade.
A CPI do Cimi é composta ainda pela presidente, deputada Mara Caseiro; o vice-presidente, deputado Marquinhos Trad; e o relator, deputado Paulo Corrêa (PR). Também são membros da comissão os deputados Onevan de Matos (PSDB) e Pedro Kemp (PT)