25/04/2016 11h31 – Atualizado em 25/04/2016 11h31
Indústria de mandioca bate recorde de processamento
O volume de mandioca processado pela indústria de fécula no primeiro trimestre deste ano foi o maior já registrado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, que acompanha semanalmente a atividade de fecularias desde 2006. No trimestre, a indústria de fécula processou 666,5 mil toneladas, aumento de 29% frente ao mesmo período de 2015.
No primeiro trimestre, a colheita da raiz também se intensificou, mas a maior demanda da indústria de fécula e também de farinheiras acirrou a disputa pela mandioca e elevou o preço da matéria-prima. Em março, o valor médio a prazo da tonelada de mandioca posta em fecularia foi de R$ 324,06, alta de 49,8% frente à média de dezembro, conforme dados do Cepea. No comparativo com março do ano passado, a valorização é de 69% em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de março/16).
A situação atual, mais uma vez, reflete o movimento “pendular” que o mercado de mandioca nacional tem apresentado, explicam pesquisadores do Cepea. Numa temporada, a produção aumenta, os preços caem e os produtores se desestimulam para o ano seguinte, quando a oferta diminui e a matéria-prima volta a se valorizar, servindo novamente de estímulo para a cultura.
Conforme dados mais recentes do IBGE, a baixa rentabilidade da mandioca levou a área plantada a ter inexpressivo crescimento de 2% entre 2013 e 2014. Os investimentos nas lavouras, no entanto, foram pequenos e a produtividade média das áreas que estão sendo colhidas neste ano está baixa.
Levantamentos primários do Cepea mostram que os custos totais da produção agrícola na safra 2014/2015 estiveram entre R$ 203,00/t (regiões de Mato Grosso do Sul) e R$ 328,00/t (regiões paranaenses), em áreas arrendadas. Como em nenhuma das regiões os preços médios chegaram a R$ 170,00/t em 2015, o prejuízo sobre o custo total chegou a ser de 50% na última safra, o que reduziu a área plantada e investimentos na temporada corrente (2015/16).
Agora, os preços voltam a ser atrativos. Porém, ainda há casos de endividamento e de dificuldades de acesso ao crédito, fatores que poderão limitar avanços expressivos na área a ser cultivada na temporada 2016/17.
Conforme pesquisadores do Cepea, a oferta de mandioca pode diminuir no segundo semestre, o que tenderia a sustentar as cotações. A definição dos próximos investimentos, no entanto, leva em conta não só os preços atuais. Em sentido contrário, pesam o endividamento de parte dos produtores, condições não muito atraentes para a obtenção de crédito, menor oferta de áreas para arrendamento e também de material de plantio, especialmente de variedades mais precoces.
Fonte: Cepea, da Esalq/USP