20/05/2016 10h53 – Atualizado em 20/05/2016 10h53
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, defendeu, nesta quinta-feira (19/5), maior interação entre as entidades representativas da agropecuária e do setor bancário, representado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Na avaliação dele, seria possível tornar mais clara a relação entre o produtor rural e o sistema financeiro, o que teria reflexos positivos na negociação dos financiamentos para a atividade produtiva.
“A negociação é dura, o banqueiro é avesso a risco e vai tentar pisar no nosso pescoço, mas temos como nos defender”, disse, no primeiro painel do Clube da Fibra, evento voltado para a cadeia produtiva do algodão, realizado pela FMC, em Recife (PE).
Em meio a uma situação que considera difícil, Jacobsen afirmou que o cotonicultor tem que fazer também a sua “lição de casa”, especialmente ao planejar investimentos. Na avaliação dele, o produtor deve conduzir seus negócios de forma transparente e não negociar com o sistema bancário algo que não pode ser cumprido.
Dirigindo-se ao presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Marcos Montes (PSD-MG), que também participa do evento, o presidente da Abrapa cobrou um debate mais firme a respeito se um seguro que garanta a renda do produtor. Segundo ele, há pelo menos seis anos, há uma proposta de seguro de renda, mas a discussão não avança.
“Agricultura não poderia existir sem um seguro de proteção de renda. Não é possível que o produtor trabalhe 30 anos e tenha seu patrimônio colocado como garantia aos bancos”, afirmou.
João Carlos Jacobsen afirmou ainda que a cotonicultura brasileira passa por um momento em que a qualidade de seu produto é questionada pelo mercado. Segundo ele, os produtores vinham recebendo ágio em relação aos preços do mercado, mas a situação se inverteu e hoje se fala em deságio.
“Não podemos nos dar ao luxo de perdermos 300, 400, 500 pontos. As novas variedades no campo não se comportam como as antigas e é um momento de reaprender a manejar as lavouras de algodão”, disse ele, para quem há certo “conservadorismo” por parte de técnicos em relação a novas formas de condução das lavouras.
Plano-Safra
Falando sobre o Plano Safra 2016/2017, o vice-presidente da Abrapa, Arlindo Moura, que também é presidente da Vanguarda Agro, avaliou que o momento do anúncio, feito no início deste mês, surpreendeu e ressaltou a alta das taxas de juros, que, de acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), podem chegar a 12,75% ao ano. No entanto, ressaltou que o momento atual inibe investimentos por parte do produtor, que deve planejar sua produção.
“A cabeça do produtor, de sempre fazer investimentos, é positiva. O investimento contínuo é bom, mas há momentos em que não se deve fazer. Talvez este seja um ano”, afirmou. “O produtor tem que planejar. Não adianta trabalhar para colher 55 sacas (de soja por hectare, por exemplo), colher 52 e achar que está bom”, acrescentou.
Fonte: Globo Rural