23/05/2016 13h28 – Atualizado em 23/05/2016 13h28
Pesquisadores da Embrapa e técnicos da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar do Acre (Seaprof) visitaram áreas de produção de banana do município de Bujari, no início de maio, e constataram a presença de uma praga em forma de lagarta, conhecida como broca-gigante (Castnia licus). Recentemente, agricultores familiares, moradores do Projeto de Assentamento Espinhara, a 52 quilômetros de Rio Branco, observaram a presença do inseto nos bananais e os danos causados às plantas.
Segundo o pesquisador Rodrigo Souza, que participou da visita, a broca-gigante é uma praga típica da cana-de-açúcar, nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil, mas também ataca outras plantas como a bananeira e o abacaxi, além de certas pastagens. As variedades de banana mais susceptíveis são as do tipo prata e do grupo Terra, principalmente a cultivar D`Angola, conhecida como banana comprida.
Os bananais visitados apresentam elevado nível de infestação. Entre as medidas de controle discutidas com a comunidade está a realização de pesquisa sistemática em área de produtor. Os pesquisadores também orientaram os agricultores sobre características específicas da broca-gigante, para facilitar a sua identificação, e distribuíram folder explicativo sobre a praga, já que por desconhecimento pode ser confundida com a broca-do-rizoma, também chamada de moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus).
Trabalho conjunto
Conforme explica Souza, a lagarta causadora da Broca-gigante atinge até oito centímetros de comprimento e se alimenta do pseudocaule das plantas. Na fase adulta o inseto em forma de mariposa deposita seus ovos entre as folhas e o talo das plantas, que eclodem entre sete e quatorze dias, dando origem a novas lagartas. “Elas penetram na bananeira, fazendo galerias em direção ao solo ou rumo à parte superior, comprometendo a produção dos frutos, podendo causar o tombamento e morte da planta”.
De acordo com o coordenador de assistência técnica e extensão rural da Seaprof, Roney Santana, a praga é de rápida propagação e ainda há pouco conhecimento científico sobre o seu comportamento em bananais da região, mas, pelo histórico de destruição em outros estados gera grande preocupação. “Precisamos investigar o problema e a parceria com a Embrapa é essencial nesse processo. Esse trabalho conjunto pode viabilizar o desenvolvimento de estratégias para controlar o problema e minimizar prejuízos para as famílias produtoras. Além disso, a participação dos agricultores é fundamental para a adoção de métodos eficazes de controle da praga”, afirma.
Para o pesquisador Jacson Rondinelli, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Acre, o primeiro passo é conhecer a dimensão do problema e, neste sentido, profissionais de empresas de extensão rural e assistência técnica que atuam nos diversos municípios poderão contribuir na identificação das áreas de ocorrência do problema. “Esse mapeamento é importante para o acesso a informações precisas sobre onde a praga ocorre e em que níveis se manifesta. A partir daí poderemos definir e articular medidas de controle. Além disso, o apoio da extensão rural é necessário para difundir as tecnologias recomendadas pela pesquisa”, destaca.
Prioridade de pesquisa
Atualmente, não existe método de controle da broca-gigante em bananeira recomendado pela pesquisa. A orientação é investir em práticas adequadas de manejo dos bananais como medida preventiva e, em caso de ataque da praga, geralmente a recomendação é que o plantio seja eliminado. Essa situação impõe urgência para a pesquisa desenvolver alternativas tecnológicas capazes de solucionar o problema, entretanto, esse processo é lento e demorado.
Como ação mais imediata, será instalada Unidade de Observação em uma propriedade rural do Ramal Espinhara, com o objetivo de testar a eficiência de produtos químicos, biológicos e de base ecológica no controle da praga em banana comprida, tendo como referência um estudo realizado pela Embrapa de Rondônia. O trabalho de pesquisa contará com o apoio da Seaprof.
“O objetivo é validar um método de controle desenvolvido e testado naquele Estado, tendo como base a seleção de inseticidas para recomendação no controle da broca-gigante em banana comprida no Acre. Entretanto, aqui vamos acrescentar estudos de viabilidade econômica do método”, explica o pesquisador Rodrigo Souza.
Segundo Rondinelli, a broca-gigante da bananeira é um problema relativamente novo no Acre, mas vem se acentuando nos últimos anos, com grandes perdas para os agricultores. “Devido à importância econômica e social da cultura da banana para o Estado, o desenvolvimento de alternativas para controle de doenças e pragas da bananeira, que inclui o combate à praga, é uma das nossas prioridades de pesquisa. Há um projeto em fase de elaboração, visando à realização de pesquisas com este objetivo”, diz.
Fonte: Embrapa