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quarta-feira, 30 de outubro de 2024
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Inverno: período crítico para piscicultura

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14/06/2016 13h10 – Atualizado em 14/06/2016 13h10

Tarcila Souza de Castro Silva, Luis. A. Kioshi Aoki Inoue, Ricardo Borghesi: Pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste

É comum a mortalidade de peixes no outono e no inverno na região da Grande
Dourados, em Mato Grosso do Sul. Porém, as mortes muitas vezes poderiam ser
evitadas com cuidados no manejo para evitar os prejuízos, que na piscicultura
costumam ser grandes.

O clima da região é caracterizado por apresentar temperaturas abaixo de 20 °C
de maio a agosto, com períodos esparsos de frio intenso. Outra característica do
clima, e até mais grave, é que apresenta grande variação entre as temperaturas
mínimas e máximas. Um exemplo prático e comum é a temperatura ao amanhecer
estar 12 °C e no meio de uma tarde ensolarada chegar a 32 °C, apresentando a
diferença em um mesmo dia de 20 °C.

Os peixes não regulam sua temperatura do corpo, ao contrário dos mamíferos
e aves, ou seja, sua temperatura varia de acordo com a temperatura da água. Logo, em
temperaturas mais baixas ocorre a diminuição do consumo de alimento e crescimento.
Além disso, os peixes sentem a grande variação da temperatura, o que pode diminuir a
resistência à doenças.

As diferentes espécies de peixes têm temperaturas ótimas de criação
diferentes, com limites de conforto inferiores e superiores. Na nossa região, essa faixa
é aproximadamente de 20 °C a 30 °C. Com as temperaturas altas, o metabolismo dos
peixes é acelerado. Assim, é comum alimentar demais os peixes, e o ambiente fica
próximo do desequilíbrio. Com isso, os peixes sofrem pela progressiva queda de
qualidade de água no verão. Com a chegada do frio e as amplas variações de
temperatura, começam os surtos de doenças e mortes.

Logo, os cuidados para evitar esses problemas devem ser iniciados ainda no
verão. O manejo alimentar deve ser adequado para a manutenção da qualidade da
água. As taxas de alimentação devem ser de acordo com as recomendações para a
espécie criada e a temperatura da água. Aliado a isso, o tratador deve ser bem
treinado para observar se os peixes estão consumindo o alimento fornecido, para
evitar perdas e deterioração da qualidade da água por excesso de ração.

Ainda, deve-se priorizar a manutenção da qualidade da água por meio do
monitoramento e utilização das boas práticas de manejo. O respeito contínuo dos
limites recomendados de transparência, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, dureza,
amônia e nitrito ajudam a garantir a qualidade do ambiente de criação.

Além disso, as práticas de manejo devem ser planejadas com antecedência. Na
nossa região é importante consultar a previsão do tempo. É desejável que as práticas
de manejo, como arrasto de rede e transporte, sejam realizadas antes da chegada do
frio. Assim, os peixes não são submetidos a mais fatores estressantes além dos
naturais resultantes do clima frio.

Outra prática de manejo que pode ser realizada é a adição de suplementos
como vitaminas (C e E), aminoácidos, probióticos e pré-bióticos. Essas substâncias
ajudam a aumentar a imunidade dos peixes antes de passarem pelas condições
estressantes. Assim, elas devem ser misturadas na ração comercial e fornecidas alguns
dias antes de eventos críticos, como a chegada de uma frente fria. No entanto, a
indicação de cada produto e seu modo de usar deve ser criteriosa e avaliada por um
técnico para melhores resultados econômicos. Atualmente, essa prática é pesquisada
em muitos países para o aprimoramento e aumento da eficiência dos resultados.

Em resumo, na piscicultura a prevenção é a forma mais eficiente de evitar os
problemas relacionados com o inverno. As estações do ano e a previsão do tempo
devem ser consideradas no planejamento e na execução das boas práticas de manejo
em nossa região.

Inverno: período crítico para piscicultura

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