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Acabou o tempo do milho a R$ 11, afirma Neri Geller

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17/06/2016 12h37 – Atualizado em 17/06/2016 12h37

“O Brasil se tornou um grande exportador de milho, a paridade está R$ 23 e não será possível comprar por menos que isso”. Foi esta a forma que o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, utilizou para avaliar que cereal a preços considerados muito baixos “não acontece mais”, durante sua apresentação no seminário Perspectivas para o Agribusiness 2016 e 2017, promovido pela BM&FBovespa em São Paulo (SP).

“Acabou-se o tempo de se comprar milho a R$ 9, R$ 10, R$ 11. O Brasil se consolidou como grande exportador de milho e o governo tem a preocupação do milho não ir embora e abastecer o mercado interno. Queremos estimular a agroindústria a fazer o seu planejamento e entrar no mercado”, reafirmou, em entrevista coletiva depois de sua palestra no evento.

Na avaliação do secretário, o problema de abastecimento do milho, especialmente para a indústria de aves e suínos, está “bastante acentuado”, mas começa a se resolver com a entrada da safrinha deste ano no mercado. “Tivemos problemas climáticos, mas o que está dando um alento para nós é que percebemos com o início da colheita, a quebra não vai ser tão acentuada”, afirmou o secretário, sem mencionar de quanto poderia ser essas perdas.

Classificando a questão como a principal dificuldade enfrentada até agora pela gestão de Blairo Maggi no Ministério da Agricultura, Geller avaliou que a segunda safra de milho já está provocando pressão sobre os preços do cereal. “Sabemos que há uma dificuldade, mas temos que garantir o abastecimento da agroindústria. O foco da nossa atuação neste momento é abastecer a indústria”, disse ele, reforçando a possibilidade do governo conceder algum benefício para a importação do cereal.

Neri Geller voltou a falar do assunto um dia depois de reunião com representantes do setor produtivo, também na capital paulista, para discutir o abastecimento de milho. Ele refez sua crítica à estratégia de compra de milho por parte da indústria de aves e suínos. “Boa parte do milho que ia para o mercado internacional está sendo redirecionada para o mercado interno. Mas a indústria tem que se planejar”, disse.

De outro lado, reforçando seu otimismo em relação à produção no ciclo 2016/2017, disse não ter dúvida de que a indústria será abastecida com a produção interna.

Estoques

Geller defendeu que o Ministério adote uma política de recomposição de estoques públicos de milho. Ele destacou que, em sua passagem anterior pelo Mapa, quando foi secretário de Política Agrícola e, posteriormente, ministro, o governo chegou a deter 2,3 milhões de toneladas do grão.

“Os estoques públicos têm alguns problemas de qualidade. Do que tem hoje, 90% estão em Mato Grosso e são de boa qualidade”, avaliou o secretário, sem dizer, no entanto, a origem desse milho que seria adquirido pelo governo para compor suas reservas.

Em meio à crise de abastecimento do cereal, o governo chegou a vender em leilões 500 mil toneladas de suas reservas. E exista a possibilidade de leiloar mais 500 mil, assunto que, de acordo com o secretário de política agrícola, está sendo tratado com cautela.

Fonte: Revista Globo Rural

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