17/06/2016 12h38 – Atualizado em 17/06/2016 12h38
O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, disse nesta quinta-feira (16/6), em palestra no Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2016/2017, que o mercado do milho só deve se estabilizar no segundo semestre do ano que vem, quando a oferta voltar a se equilibrar e os preços recuarem. A consultoria trabalha com uma expectativa de preço médio em 2016/2017 na Bolsa de Chicago de US$ 4 a US$ 4,50 por bushel, com viés de alta, a depender do volume do cereal a ser exportado pelo Brasil.
Pessôa atribuiu à exportação aquecida do grão, e menos aos problemas de produção na safrinha, a alta de mais de 40% dos preços do cereal no mercado interno. “Foi a exportação. O milho já estava vendido, e os estoques estavam baixos”, disse ele. “Exportamos 33 milhões de toneladas de milho, 10 milhões de toneladas a mais do que de costume”, acrescentou, ressaltando que não devem ser impostas barreiras às vendas externas. “No último ano exportamos também os estoques, que caíram de 13,3 milhões para 5,9 milhões de toneladas.”
A Agroconsult estima a produção de milho segunda safra de 52,5 milhões de toneladas em 2015/2016. Em 2014/2015, a safrinha do cereal somou 54,6 milhões de toneladas.
Quanto à soja, Pessôa estimou exportação pelo Brasil de 55 milhões de toneladas, ante 51 milhões de toneladas no ciclo anterior. Ainda assim haverá, conforme a consultoria, um déficit no mercado global de 5 milhões de toneladas. “Trabalhamos com os preços da soja entre US$ 10,50 e US$ 11,50 por bushel (no ciclo 2016/2017) e é bom frisar que dificilmente vão voltar para US$ 14 por bushel, porque o câmbio mudou. O produtor fica esperando os US$ 13 por bushel, mas o patamar já está elevado”, afirmou ele.
Pessôa informou que a Agroconsult atualizará as projeções para a safra nacional nesta sexta-feira (17/6). Segundo ele, o volume para a soja 2015/2016 deve ser um pouco menor que os 98,8 milhões de toneladas esperadas até então. Na temporada anterior o Brasil colheu 97,2 milhões de toneladas. “O número deverá ser reduzido um pouco”, disse ele.
Ele citou queda na área plantada na região do Matopiba (que inclui áreas dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por conta de problemas climáticos. “O buraco da renda dos agricultores da região foi de quase R$ 3 bilhões abaixo do breakeven (ponto em que os ganhos cobrem os custos)”, declarou. O analista estimou que na temporada 2016/2017 os custos de produção serão em torno de 5% menores, refletindo a queda dos preços dos fertilizantes no mercado internacional e também em real.
Fonte: Estadão Conteúdo