27/06/2016 11h51 – Atualizado em 27/06/2016 11h51
A saída do Reino Unido da União Europeia (UE), com a vitória do Brexit em plebiscito realizado na quinta-feira (23/6) terá importantes desdobramentos no setor agrícola da região. O bloco econômico perderá fundos britânicos para a Política de Agricultura Comum (CAP), enquanto os ingleses poderão sofrer com pressão inflacionária, alta do custo de trabalho e depreciação de terras agrícolas, segundo consultorias e especialistas.
Um estudo realizado pela União Nacional dos Fazendeiros do Reino Unido, em parceria com a Universidade Wageningen, indica que o Reino Unido contribuiu com 4,1 bilhões de euros ao CAP em 2015. Com a separação, os britânicos deverão perder subsídios agrícolasoferecidos pelo CAP, enquanto a compensação do governo britânico aos produtores locais deverá ser menor.
O Reino Unido também contribuiu com reformas para redução de subsídios que provocavam excesso de produção, afirma Wyn Grant, professor da Universidade de Warwick. Uma eventual retomada de políticas protecionistas poderia causar um excesso de oferta, pesando sobre as cotações e reduzindo a renda dos produtores.
Já a consultoria BMI Research aponta que a saída britânica do bloco deverá ter um impacto “substancial” nas exportações agrícolas do Reino Unido. “Em relação ao comércio bilateral, a União Europeia é a principal parceira do setor agrícola britânico, e o Reino Unido deverá perder o livre acesso ao mercado único quando a saída for consumada oficialmente”, indica a consultoria. As importações também deverão subir, provocando um maior pressão inflacionária.
A BMI ainda afirma que os preços de terras agrícolas deverão ter impacto negativo pela decisão de saída, com queda nos investimentos. “Além da retração dos subsídios, o ‘Brexit’ tem o potencial de provocar uma consolidação do setor agrícola britânico, já que a receita e valor das terras deverá cair, expondo as operações mais vulneráveis financeiramente. O custo de contratação de trabalhadores rurais, a maioria do leste europeu, também deverá subir com novas políticas migratórias, indica a BMI.
Fonte: Estadão Conteúdo