06/07/2016 12h25 – Atualizado em 06/07/2016 12h25
No segundo dia do Global Agribusiness Forum, que acontece em São Paulo nesta terça-feira (5), um dos pontos mais discutidos é o desafio que o agronegócio brasileiro enfrenta para deixar, cada vez mais, os braços do governo e garantir sua independência. “Temos que esquecer o guarda-chuva do governo e caminhar com as nossas próprias pernas, que são muito fortes”, disse o presidente do conselho do evento, Cesário Ramalho. “Não podemos fazer uma atividade rural que seja dependente de subsídios”, completa.
Para isso, ele reforça a necessidade do Brasil de mecanismos de seguro – da safra e dos preços que sejam, de fato, eficientes. “Precisamos de um seguro privado que possa garantir o retorno do capital para o produtor rural. O Plano Safra é algo terrível. Uma agricultura que projeta abastecer o mundo tem um plano de safra que muda de um ano para o outro. O produtor pega o dinheiro, planta, colhe e depois tem que devolver o dinheiro para o financiador. Isso tem que acabar”, disse Ramalho. “Os Estados Unidos, por exemplo, têm um seguro privado, que funciona, com o pagamento de uma taxa de risco de apenas 2%. Aqui pagamos 8%, mas somos dependentes”, completa.
No entanto, apesar dos efeitos dessa dependência já serem conhecidos, é sabido também que o processo para a mudança é lento e ainda leva tempo para ser efetivado. Para ele, porém, as lideranças do agronegócio brasileiro ao lado de produtores rurais já debatem quais são as alternativas para esse caminho e já têm a ciência de que essa deve ser uma prioridade. A opinião é compartilhada pelo ex-ministro da Agricultura e presidente emérito da Abramilho, Alysson Paolinelli.
“O Brasil tem um enorme potencial agrícola mas é o único grande produtor que não possui um seguro rural eficiente, enquanto outros países já se protegem dos riscos climáticos e de mercado”, diz Paolinelli, reforçando que a competitividade do Brasil em diversos produtos poderia ser otitimizado caso esse cenário fosse diferente. “É preciso, além disso, garantir produtividade e custo”, acredita.
O ex-ministro afirma ainda que, desde 1988 – ano de nascimento da Constituição Brasileira, o Brasil não possui seguro rural. “Eu fico muito preocupado com isso, porque temos que observar que nossos concorrentes estão usando seguro rural, subsidiando seus produtores e não podemos ir na OMC reclamar. Temos que aprender isso e tentar exercer aqui”, diz Paolinelli.
Fonte: Notícias Agricolas