20/07/2016 12h11 – Atualizado em 20/07/2016 12h11
Estão abertas as inscrições para o “Dia de Campo Carne Carbono Neutro” da Embrapa, que acontece dentro da etapa Campo Grande da Intercorte. O evento será dia 22 de julho, na Fazenda Boa Aguada (Grupo Mutum), em Ribas do Rio Pardo (cerca de 150 km de Campo Grande), a partir das 8 horas. As inscrições devem ser feitas antecipadamente, através da página da Intercorte, no endereço http://intercorte.com.br/campogrande
No Dia de Campo será apresentada a marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN), desenvolvida pela Embrapa com a finalidade de atestar a carne bovina produzida com alto grau de bem-estar animal, na presença do componente arbóreo, em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF). Nessas condições, as árvores neutralizam o metano entérico exalado pelos animais, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa que provoca o aquecimento global.
Programação e público-alvo
8h – entrega de material
9h – abertura oficial e palestra sobre os conceitos gerais do CCN com o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Roberto Giolo
11 às 13h – estações técnicas de campo:
Estação 1 – aspectos econômicos com a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Mariana Pereira, e o gerente do Banco do Brasil, Sérgio Malheiros
Estação 2 – aspectos nutricionais e de qualidade da carne com o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Rodrigo Gomes, e o diretor de relacionamento com pecuarista da JBS, Fábio Dias
Estação 3 – componente animal com os pesquisadores da Embrapa Gado de Corte Fabiana Alves e Roberto Giolo
Estação 4 – componente florestal com o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Valdemir Laura, e o pesquisador da Embrapa Florestas, Vanderley Porfírio
Entre o público-alvo do dia de campo, com 250 vagas disponíveis, estão produtores rurais, técnicos e extensionistas, pesquisadores, empresários e microempresários da cadeia produtiva da carne e do setor florestal.
Evento
A realização do evento é da Embrapa, do Grupo Mutum e da Intercorte. Apoio: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Sistema Famasul, Fundação MS, Bellman, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), JBS, Banco do Brasil e Rede de Fomento ILPF (Cooperativa Agroindustrial Cocamar, Dow AgroSciences, John Deere, Parker e Syngenta).
CCN
Desde 2015, a Fazenda Boa Aguada vem sendo avaliada para a produção do primeiro lote experimental de animais com base no protocolo CCN. O abate dos animais experimentais ocorreu no dia 19 de maio deste ano.
Segundo o pesquisador Roberto Giolo, a carne produzida no sistema com árvores pode ser certificada com a adoção do protocolo CCN. “O conceito pode impulsionar a exportação, principalmente para o mercado europeu que é muito exigente. A perspectiva é melhorar a visibilidade da carne brasileira e promover maior adoção dos sistemas ILPF e IPF no Brasil”, destaca.
O conceito CCN está de acordo com o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) do governo federal, que é resultado do compromisso assumido pelo Brasil, durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP15), realizada em 2009 na cidade de Copenhague, de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) entre 36,1% e 38,9% até 2020. Compromisso reiterado no ano passado, durante a COP21, em Paris, quando o governo brasileiro se comprometeu com a redução de 37%, até 2025, e 43%, até 2030, das emissões de GEE.
Como funciona
O pesquisador da Embrapa, Valdemir Laura, explica que o carbono neutralizado fica armazenado no tronco das árvores. “O sistema ideal deve ter entre 200 e 400 árvores por hectare. O estudo realizado na Embrapa Gado de Corte mostra que cerca de 200 árvores por hectare seriam suficientes para neutralizar o metano emitido por 11 bovinos adultos por hectare ao ano, sendo que a taxa de lotação usual no Brasil é de um a 1,2 animais por hectare”, acrescenta.
A presença de árvores influencia também no bem-estar animal, pois a sombra natural, além de bloquear a radiação solar, cria um microclima com sensação térmica mais agradável. “Assim, é oferecida uma condição de melhor conforto térmico, por se tratar de um ambiente com menor temperatura”, diz a pesquisadora da Embrapa Fabiana Alves.
A maneira como a marca CCN será adotada está em processo de desenvolvimento e envolve negociações com o setor público e privado. Em 2016, foi aprovado um projeto piloto, financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), para a avaliação de métricas da CCN em Mato Grosso do Sul. Além disso, um projeto recém-aprovado na Embrapa, com previsão de início para agosto deste ano, prevê estudos para a validação do protocolo CCN em fazendas comerciais nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica; análise e prospecção de mercado; valoração do produto e desenvolvimento de políticas públicas.
Foto: Assessoria de Imprensa Sistema Famasul
Fonte: Embrapa Gado de Corte