05/09/2016 11h46 – Atualizado em 05/09/2016 11h46
Por: Gazeta do Campo
As cotações para o suíno vivo voltam a encerrar a semana com preços negativos. Nesta sexta-feira (01), Mato Grosso registrou recuo de preços – acompanhando as demais praças de comercialização –, em que a referência de negócios passa de R$ 3,50/kg para R$ 3,40/kg. Para as exportações, o cenário é positivo, mas fica abaixo das expectativas.
O analista da Safras & Mercado, Allan Maia, explica que as duas últimas semanas de agosto houve um desaquecimento da demanda, com frigoríficos alegando dificuldades nas vendas no atacado. Informações divulgadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) também confirmam o cenário, com as últimas baixas sendo atreladas a baixa procura.
No início do mês, as cotações vinham em um período de recuperação, refletindo nas cotações das granjas e também no atacado. “O aumento nos preços do suíno, especialmente nas primeiras semanas de agosto, trouxe esperança de que a situação econômica das granjas melhoraria um pouco”, apontam os pesquisadores do Centro.
Maia explica que o bom desempenho das cotações no início do mês, se deve a demanda aquecida do período. As baixas temperaturas em parte do Brasil e também o feriado de Dia dos Pais colaboraram para o cenário de altas.
Já o analista de mercado, Fabiano Coser, aponta que o aquecimento do mercado nas primeiras semanas do mês também esteve relacionado ao desempenho positivo nas exportações, visto que no mercado interno o cenário é de instabilidade.
“Com a economia brasileira ainda sem maiores sinais de recuperação, as vendas no mercado doméstico continuam em ritmo bastante lento, não segurando a escalada dos preços”, aponta Coser.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, explica que a demanda enfraquecida fez com que a referência voltasse a ficar abaixo dos custos de produção do estado. Apesar disto, ele aponta que a baixa deve ser pontual, em função do período do mês.
Para Allan Maia, os custos de produção seguem como a principal preocupação ao setor. “O maior problema segue sendo o milho. Mesmo que o cereal tenha recuado ao longo do mês, ele continua em patamares de valores bem acima dos praticados no mesmo período do ano passado”, avalia.
Preços
Segundo o balanço semanal realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, a maior baixa registrada na semana ocorreu em Minas Gerais e Goiás. Nas praças de comercialização, as cotações cederam 10,64%, passando para R$ 4,20/kg.
Em São Paulo, os preços caíram 6,09%, após a bolsa de suínos no estado definir negócios entre R$ 77 e R$ 78/@ – o mesmo que R$ 4,10 e R$ 4,16/kg. Esta é a segunda baixa consecutiva, visto que na última semana as cotações no estado estavam em R$ 85,00 a R$ 87,00/@ – após um período de fortes altas na praça de comercialização.
No Rio Grande do Sul, o cenário também é de recuos pela segunda semana seguida. A pesquisa semanal de preços realizada pela ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul) aponta que a média paga aos produtores independentes passou de R$ 4,06/kg para R$ 3,90/kg, resultando em uma queda de 3,94%.
Exportações
Por outro lado, os embarques de carne suína in natura vêm registrando dados positivos em agosto, porém frustrou a expectativa do mercado, que esperava números próximos a 65 mil toneladas. Segundo informações divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta quinta-feira, em 23 dias úteis foram exportados 57,5 mil toneladas.
A média diária ficou em 2,5 mil toneladas, o que representa um acréscimo de 24,7% em relação ao mesmo período do ano passado e 0,4% em comparação com julho. Já em receita, os dados apontam para US$ 127,0 milhões, com o valor por tonelada em US$ 2.206,9.
Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), houve um acréscimo nas compras de países assíduos. “Neste mês vimos Rússia, China e Hong Kong com fortes compras, em nível superior ao registrado no mesmo período do ano passado”, explica Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente técnico da ABPA.
Fonte: Notícias Agricolas