19/12/2016 14h47 – Atualizado em 19/12/2016 14h47
De janeiro a setembro de 2016, o PIB do agronegócio brasileiro acumulou crescimento de 4%. Tanto para o ramo agrícola quanto para o pecuário, a valorização real dos preços tem contribuído para o desempenho positivo dos segmentos, uma vez que, em volume, o cenário para importantes atividades tem sido de baixa. Especificamente em setembro, as elevações foram de 0,62% para o ramo agrícola e de 0,44% para o pecuário, resultando em crescimento de 0,56% para o agronegócio no mês.
No segmento de insumos, o destaque positivo tem sido a indústria de rações, impulsionada por maiores preços e produção. Em contrapartida, verificam-se quedas em fertilizantes e combustíveis e lubrificantes, este último importante termômetro no desempenho da economia, refletindo o atual contexto de recessão.
No primário agrícola, impulsionaram o segmento as elevações para cana, mandioca, milho, café e soja. Para as duas primeiras, as altas de preço e de produção no ano levaram ao resultado positivo. Já para o milho, café e soja, mesmo diante de redução na produção, a expressiva valorização real das cotações elevou o faturamento. No segmento primário da pecuária, enquanto o frango destacou-se como impacto positivo, a bovinocultura de corte pressionou o desempenho do segmento. Tal fato reflete, em certa medida, a substituição do consumo de proteínas mais caras pelas de menor valor.
Na indústria da base agrícola, o cenário segue positivo, com destaque para a atividade sucroenergética. Mas verifica-se que o segmento segue influenciado pelo mercado interno enfraquecido. No caso do processamento de produtos de origem animal, a indústria de laticínios foi destaque em crescimento no período, impulsionada pela forte elevação de preços.
Com relação ao ambiente macroeconômico brasileiro, a perspectiva segue desfavorável. O PIB brasileiro apresentou queda de 0,8% no terceiro trimestre de 2016 com relação ao segundo e 2,9% frente ao mesmo trimestre de 2015. Na taxa acumulada ao longo do ano (variação em volume em relação ao mesmo período do ano anterior), a queda apresentada foi de 4%. O PIB da agropecuária (IBGE) apresentou queda de 6,9%, na mesma avaliação.
Ressalta-se que os dados de PIB do IBGE referem-se especificamente à agropecuária (dentro da porteira), já os dados de PIB do CEPEA referem ao agronegócio (agropecuária mais insumos, agroindústrias e serviços voltados ao agronegócio). Tratando-se especificamente dos dados relativos à agropecuária, o IBGE não considera variações de preço e, dessa forma, expressa as variações em volume produzido a preços constantes. Os dados do CEPEA consideram, além do volume, variações reais de preço. O CEPEA opta, portanto, em lançar foco sobre a renda real da agropecuária, e o IBGE sobre a produção. Observa-se, conforme dados avaliados até setembro/16, que no ano vem ocorrendo significativa queda no volume produzido na agropecuária brasileira. Exceções importantes vêm sendo observadas com relação ao trigo, café e cana. No entanto, até o momento, os aumentos reais de preço vêm mais do que compensando as perdas de volume e sustentando resultados positivos ao agronegócio.
Fonte: Cepea, da Esalq/USP