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Entrevista com Cristiano Palavro – Diretor da Pátria Agronegócios sobre o fechamento do mercado da soja
A semana começou agitada para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago e o mercado encerrou o pregão desta segunda-feira (7) com altas de quase 30 pontos nos principais contratos, levando os preços ainda mais próximos dos US$ 16,00 por bushel. O maio encerrou o dia com US$ 15,86 e o julho com US$ 15,80.
Segundo o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, as altas vieram refletindo não só as questões climáticas adversas e que ainda provocam perdas na América do Sul, como também uma demanda maior pela soja norte-americana, em especial da China. Nesta segunda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de 507 mil toneladas da oleaginosa para destinos não revelados, que o mercado especula ser China.
Do total, parte se deu com volumes da safra 2021/22 para embarques curtos, o que dá ainda mais espaço de alta para as cotações na CBOT nos vencimentos mais próximos.
“Se pegarmos a quebra de produção da América do Sul estamos falando de uma quebra de 10% da oferta gloabl de soja. Então, estoques que vinham em recomposição e que já não eram estoques globais grandes, passam a ser os menores estoques da década. A relação estoque x consumo, sem dúvida, é uma das mais baixas dos últimos anos e justificaria movimentos mais agressivos para a bolsa norte-americana”, explica Palavro.
Olhando para a conclusão da safra da América do Sul, o diretor da Pátria explica que as atenções maiores se dão sobre a evolução do quadro na Argentina, que pode ficar mais grave caso as condições não melhorem e as chuvas não se confirmem, enquanto no Brasil o excesso de umidade pode comprometer o andamento dos trabalhos de colheita e promoverem atrasos significativos na chegada da soja brasileira aos portos, podendo influenciar ainda mais sobre o andamento dos prêmios.
“Houve um atraso geral do ciclo produtivo da soja (…) A colheita, apesar de estar acima da média, a janela atrasou porque o ciclo das cultivares se atrasou, principalmente no centro e norte do país, onde os dias nublados foram mais frequentes, maior dificuldade dos tratos culturais, atrasos de uma semana e que podem chegar à colheita também”, diz o analista de mercado.
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Assim, os importadores têm olhado mais para o produto norte-americano como uma alternativa importante e bastante viável, não só pela disponibilidade, mas também pelo preço da soja dos EUA, que vai se tornando mais competitivo. “Isso não é um efeito negativo para os nossos preços, isso é importante dizer. Com a quebra da nossa safra é natural que a gente exporte menos, e a indústria consegue pagar mais do que a exportação”, complementa.
Palavro lembra ainda que o novo boletim mensal que o USDA traz nesta quarta-feira (9) deve trazer parte deste cenário contextualizado em seus números, embora o mercado já venha antecipando parte disso. Todavia, ele reforça que o viés conservador do departamento americano pode ser mantido, bem como pela Conab, que também chega com seus novos números sobre a safra brasileira no dia 9.
Caso esse conservadorismo de fato fale mais alto, o mercado pode, segundo o diretor da Pátria, passar por um movimento de realização de lucros, mas na sequência, parte das baixas seriam recuperadas.
Por: Alexandro Santos
Fonte: Notícias Agrícolas