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domingo, 24 de novembro de 2024
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Monitoramento e manejo estruturado reduzem ação danosa da cigarrinha-do-milho, mostram estudos do ‘Agrimip’

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Conhecimento da praga e dos sistemas de manejo mais eficazes têm de ser a base da tomada de decisão do produtor, frisa a entomologista Regiane Oliveira.

Mesmo ante o momento economicamente desfavorável à produção de milho, frente aos preços da commodity no mercado interno e externo, as perdas do produtor podem aumentar se não houver controle eficaz de pragas com alto potencial para ocasionar danos à safra do cereal. O alerta vem da pesquisadora e pós-doutora em entomologia Regiane Oliveira, do grupo Agrimip, dedicado a estudos sobre manejo integrado de pragas no campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).

Formado por 25 pessoas da área de pesquisas, o Agrimip assumiu como desafio identificar as melhores práticas de manejo da cigarrinha-do-milho (Daubulus maidis). “Não é uma lagarta, não é um percevejo, mas um ‘ator’ que entra no sistema de milho, um inseto diferente do que se está acostumado a manejar”, enfatiza Regiane. “O que mais causa prejuízo é o fato de a praga ser um vetor, que ao sugar a seiva da planta, adquire fitopatógenos (molicutes e vírus). Vêm daí a virose e os enfezamentos transmitidos pela cigarrinha à cultura, limitantes para a produção de milho”, ela explica.

Conforme a pesquisadora, as doenças disseminadas pela praga bloqueiam a circulação de seiva nas plantas. “Entopem os vasos de translocação de seiva, surgem manchas brancas ou vermelhas, ou sintomas das viroses. Numa infestação elevada de cigarrinha, o inseto pode inviabilizar o cultivo de milho”, esclarece Regiane.

De acordo com ela, nos dias de hoje existem relatos técnicos e acadêmicos de que a ‘cigarrinha’ já afeta a produção de milho em toda a fronteira agrícola brasileira, embora o Agrimip, o grupo de pesquisas da Unesp Botucatu, tenha priorizado o estudo da praga no estado de São Paulo. “Temos aqui um sistema intensivo de produção de plantas, não só para alimentação humana. Não há ‘tempo’ para deixar o solo desocupado”, comenta Regiane.

“São Paulo é um mosaico de culturas. A agricultura impulsiona a economia. Há plantas no sistema agrícola o ano todo. Com isso, as chamadas ‘pontes verdes’ permanecem e os insetos-pragas, como a cigarrinha-do-milho, se aproveitam dessa condição para sobreviver”, continua a pesquisadora.

Monitoramento e ‘olhar’ para os sistemas de manejo

Segundo a pesquisadora, também professora de graduação e pós-graduação em agronomia da Unesp-Botucatu, estudos em profundidade do grupo Agrimip deram origem a práticas capazes de conter danos mais severos decorrentes da cigarrinha-do-milho. “Quebrar as pontes verdes é um ponto fundamental. Outra medida decisiva consiste em usar corretamente as ferramentas de manejo de que dispomos, como controle químico, controle biológico, entre outras, de maneira a diminuir a população do inseto”, salienta Regiane Oliveira.

Conforme a pesquisadora, esses estudos confirmaram, por exemplo, que é no estágio ‘ninfa’, posterior à postura dos ovos, no qual reside um desafio crucial ao controle da praga. “São as ninfas que adquirem os fitopatógenos e depois o inseto adulto será o principal responsável pela transmissão. Sabemos hoje: temos de fazer o manejo de adultos e ninfas, não sem antes monitorar precisamente ovos depositados dentro das folhas. Então, estar na lavoura, monitorar a lavoura, é fundamental.”

A pesquisadora revela também que as fêmeas da praga têm acesso a plantas de milho num raio de até 14 km de distância. “Olha o problema estabelecido: uma fêmea, numa temperatura de 25º C, coloca de 300 a 600 ovos. É uma progressão aritmética. Precisamos saber logo que os insetos estão nas plantas, para fazer o posicionamento de produtos que atinjam esses ovos. Na sequência, trabalhar com outros produtos aptos a quebrar o ciclo da ninfa.”

Regiane destaca ainda que cigarrinha prefere a planta de milho mais nova, de até 30 dias, 40 dias. “Necessário proteger essa planta”, adverte. “Outra coisa a observar é a janela de cultivo. Se todo mundo fizer o manejo nesse momento, a população de cigarrinhas diminui. O produtor que faz o milho mais tardio sofre.”

Em resumo, frisa Regiane Oliveira, o manejo do produtor deve priorizar a redução do número de insetos em todas as fases da cigarrinha-do-milho: ovo, ninfa e adulto. “Agora contamos com o reforço do manejo biológico de pragas. No caso da cigarrinha, inimigos naturais dela agregam força extra ao manejo. Reunimos hoje, também, excelentes resultados com o uso de bioinseticidas, aplicados isoladamente ou associados a químicos”, adianta a pesquisadora.

Para ela, como a cigarrinha gosta de clima mais quente, se confirmada a predominância de chuvas com altas temperaturas na próxima safra de milho, haverá condições ideais ao desenvolvimento da praga no país. “Unir forças e ajudar o produtor a manter a população de cigarrinha abaixo do nível de dano é essencial. Monitoramento é a prática fundamental”, recomenda ela.

“Manejo de pragas agrícolas não é simplesmente misturar ferramentas. É olhar o sistema como um todo. A base do manejo integrado de pragas está em saber quais os atores presentes nos sistemas. O conhecimento precisa estar na base da tomada de decisão. Manejo de pragas não é misturar o produto ‘a’ com o produto ‘b’, pulverizar e ver se a fórmula controlou ou não. Manejo de pragas não pode ser superficial, mas complexo. No entanto, uma vez feito corretamente, é altamente eficaz”, finaliza Regiane Oliveira.

Fonte: Assessoria de Imprensa BIA

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