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terça-feira, 22 de outubro de 2024
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Reforma de canaviais sem revolvimento do solo resulta em maior produtividade

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Um estudo prolongado, conduzido pelo Instituto Agronômico (IAC) por aproximadamente 30 anos, revelou que o último preparo do solo foi realizado em 1993 em um latossolo com 50% de argila. Foram aplicadas quatro doses de calcário e, a partir desse momento, não houve mais preparação do solo para cultivo de soja ou cana-de-açúcar. Os resultados mostraram que a cana-de-açúcar apresentou uma resistência maior ao longo do tempo em comparação à soja. O pesquisador científico Denizart Bolonhezi explicou que no caso da soja houve uma curva de aprendizado inicial, pois as máquinas não estavam adequadamente ajustadas desde o começo. A pesquisa indicou um aumento na produção de cana entre 8 a 10 toneladas por hectare (TCH) nas áreas onde não foi feito preparo do solo, em contraste com aquelas que passaram pelo processo habitual.

Esses dados foram apresentados aos mais de 170 participantes do 3º evento do 9º Ciclo de Seminários Agrícolas CanaMS 2024, ocorrido em 15 de agosto na Embrapa Agropecuária Oeste, localizada em Dourados, MS. Durante o seminário, discutiu-se sobre “Agricultura conservacionista e regenerativa na reforma dos canaviais”. O evento é promovido pela Embrapa Agropecuária Oeste em parceria com a TCH Gestão Agrícola e conta com apoio institucional da Biosul e Sulcanas.

Ele informou que o prognóstico da próxima safra em área de cana-de-açúcar serão, no mínimo, 894 mil hectares de reforma de canavial, referente a 209 usinas. “O setor quer deixar 42% sem plantar nada. O que está acontecendo? Por que o setor está indicando que quer deixar em pousio? Mix de plantas de cobertura crescendo, opção interessante, mas muito mal estudada ainda e amendoim diminuindo. Existe vida além da cana”, enfatizou.

Outro resultado positivo foi em um experimento, em 2022, na qual a cana planta em Plantio Direto obteve 15 toneladas a mais por hectare em relação à área que foi gradeada e subsolada. “Isso tem correlação direta com a raiz, que cresceu mais. A matéria orgânica no solo faz a diferença. O resultado geral deste projeto é que, para cada quilo a mais de matéria seca de raiz onde se tem cana, ganha-se 10 kg de colmo por hectare”, disse o pesquisador científico.

Uma questão pertinente à reforma é a erosão. Em estudo do IAC, em 1982, mostrou-se que 49 toneladas de solo foram perdidas em área de cana justamente na reforma. “Em função da desinformação, a cana crua que deveria privilegiar e reduzir as perdas de solo, temos visto o contrário. Os terraços estavam dimensionados para cana e a palha estava protegendo. Retiro tudo isso para fazer plantio convencional para soja e a catástrofe aparece”.

Manter o solo permanentemente coberto, com mínimo de revolvimento e de tráfego controlado faz parte dos preceitos da agricultura regenerativa. “Isso consegue dar sobrevida ao sistema, o sistema fica mais estável, menos impacto e mais insumo interno. Ao fazer rotação de culturas, está turbinando a atividade biológica do solo (raiz de soja, crotalária spectabilis, amendoim no sistema).

Os benefícios para cana são diversificação da economia regional, conservação do solo e da água, maior tolerância em períodos de seca, 20%, em média, de incremento de produtividade, redução de custos, fornecimento de nitrogênio e ciclagem de nutrientes, acréscimo de 1 tonelada de estoque de carbono no solo por hectare/ano, controle dos nematoides, aumento da supressão de pragas e redução de herbicidas.

Plantar cana em cima de cana sem preparo não é novidade. O Plantio direto ficou muito alicerçado em uso de glifosato. É mais um plantio sem preparo do que um sistema integrado de produção. Isso vale para os 45 milhões de hectares de soja plantados no Brasil. É frágil.

O que define o sucesso do plantio de soja em palha de cana é saber cultivar com inserção alta de resíduo de herbicida, uso de cultivares resistentes a Pratylenchus, como a cultivar de soja BRS 573 (da Embrapa), é importante fazer a co-inoculação, e utilizar cultivares com sistema radicular mais profundo para conseguir semeadura adequada.

Pesquisas de amendoim sobre palhada, entre 2014 e 2019, foram realizados em oito experimentos. Em ensaio de 2019, em uma área de 25 ha, foram 95 sacas a mais onde deixou o amendoim plantado na palha. Na cana planta, não houve aumento nem diminuição na produtividade.

Se a usina optar por adubos verdes, a Crotalaria juncea também pode ser semeada de forma direta. “Responde em produtividade de biomassa e depois entrega maior produtividade em cana. Em um ensaio realizado entre 2005 e 2009 em uma usina, houve ganho de 18 toneladas de cana planta por hectare”, relatou Bolonheze.

Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

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