A escolha do nome, Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul, e a delimitação da área ocorreram durante uma oficina técnica realizada no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados. Essa iniciativa já conta com aproximadamente 80 mil hectares destinados a lavouras irrigadas.
Esse projeto representa o 14º Polo de Agricultura Irrigada do Brasil, sendo criado e coordenado pelo Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional. Em Mato Grosso do Sul, ele recebe colaboração da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), da Embrapa e da Associação de Irrigantes.
Durante o lançamento do polo, estiveram presentes profissionais técnicos do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, especialistas da Embrapa e da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), além do coordenador de Agricultura da Semadesc, Fernando Nascimento, e agricultores que já praticam ou têm interesse na irrigação das suas lavouras.
Em julho deste ano, o Governo de Mato Grosso do Sul deu início ao MS Irriga (Programa Estadual de Irrigação). Este programa é visto como um motor para promover uma agricultura que seja tecnológica, estratégica e sustentável, levando o Estado a um futuro que seja inclusivo, próspero, ecologicamente correto e digital, conforme afirmou na época o secretário da Semadesc, Jaime Verruck.
Até julho, Mato Grosso do Sul já contava com 320.304 hectares dedicados à agricultura irrigada, representando um crescimento de 63% entre 2015 e 2024. Atualmente, 84 mil hectares (utilizando 902 pivôs) estão irrigados em 53 municípios, onde se cultivam soja, milho e pastagens.
Com a implementação do polo, os governos estadual e federal irão concentrar seus esforços nos municípios envolvidos para viabilizar os projetos necessários, que exigem principalmente investimentos significativos, infraestrutura adequada e fornecimento de energia elétrica. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Denilton Flumignam, avaliou a área do polo e garantiu que há condições hídricas suficientes para atender à demanda.
Ele apresentou dados de estudos realizados pela Embrapa que evidenciam a relevância da irrigação para aumentar a produtividade agrícola. Em um intervalo de três anos, numa área cultivada pela Embrapa, foram obtidas 172 sacas de soja por meio da irrigação, enquanto em uma área equivalente sem esse recurso foram colhidas 134 sacas do mesmo produto. No caso do milho, o rendimento é ainda mais expressivo: 407 sacas com irrigação e 253 sacas sem.
O Governo Federal está investindo na irrigação como uma estratégia para melhorar a produtividade das culturas e alcançar safras maiores sem precisar expandir as áreas agrícolas.
Larissa Rego, diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, destacou que o Brasil possui um enorme potencial nesse aspecto: aproximadamente 55 milhões de hectares são adequados para receber irrigação. Atualmente, apenas 8,5 milhões de hectares estão sob irrigação no país, que já ocupa a sexta posição entre as nações que utilizam essa tecnologia agrícola.
Mato Grosso do Sul tem cerca de 4,9 milhões de hectares que podem receber irrigação, todos localizados na Bacia do Rio Paraná, conforme explicou Nascimento. Desse total, 2,4 milhões de hectares são classificados com alta aptidão para receber irrigação, o que coloca o Estado em segundo lugar em nível nacional em ranking de competitividade.
A ideia é usar a estratégia da irrigação para ampliar o potencial das lavouras, tanto em produtividade quanto em capacidade, explicou a diretora executiva da Associação de Irrigantes do Estado (AIEMS), Daniele Coelho Marques. A irrigação das lavouras permite o cultivo de três safras ao ano. Além da soja e do milho, outra cultivar com ciclo mais rápido pode ocupar as lavouras no intervalo dessas safras.
O Governo do Estado quer incentivar o cultivo de produtos que são importados dos estados vizinhos para abastecer o mercado interno, sobretudo frutas e hortaliças. A irrigação permite que se produza com eficiência essas variedades, com risco mínimo de perdas e alta produtividade, sendo uma alternativa muito importante para pequenos produtores.
Estudos apresentados durante a oficina demonstram que a Agricultura Irrigada pode gerar muitos empregos (a meta é 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos em todo País), aumentar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da localidade, que se traduz em melhores condições de vida para as famílias; diminuir o êxodo rural permitindo que os jovens permaneçam no campo e contribuir para uma gestão responsável dos recursos naturais e da conservação ambiental em geral, na medida em que se tem na água o principal insumo, sendo vital que as nascentes e mananciais sejam preservados.
Municípios
Os municípios que passam a integrar o Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul são: Anaurilândia, Angélica, Antonio João, Batayporã, Caarapó, Deodápolis, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, Ivinhema, Jateí, Juti, Laguna Carapã, Maracaju, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Rio Brilhante, Sidrolândia, Taquarussu, Vicentina e Ribas do Rio Pardo.
A oficina que formatou a seção estadual do programa estendeu-se durante todo o dia. Na parte da manhã, além das apresentações com dados da área irrigada de todo país, potencialidades e metas, foram escolhidos o nome do polo, abrangência e membros do Grupo Gestor. Na parte da tarde os participantes puderam opinar sobre as principais demandas e estratégias para superá-las.
Com informações: Comunicação Semadesc
Fotos: Afrânio Pissini