Por Marcos Santos
Grupo Especial de Inspeção de Voo, da Força Aérea Brasileira, considerou pista imprópria para receber aeronaves de grande porte em razão da reprovação no Indicador de Precisão da Trajetória de Aproximação; equipamento é antigo e não recebeu manutenção desde o fechamento do aeroporto, em 2021.
Durou menos de uma semana o sonho do douradense de ter um aeroporto para chamar de seu. Anunciada com pompa por autoridades que tentam surfar na onda de uma obra inacabada, a liberação da pista do Aeroporto Regional Francisco de Matos Pereira não foi autorizada pelo Grupo Especial de Inspeção de Voo (Geiv), da Força Aérea Brasileira, que reprovou a cabeceira 24 da pista após constatar falha no Papi, sigla em inglês para definir “Indicador de Precisão da Trajetória de Aproximação”, que nada mais é que o sistema de iluminação que auxilia os pilotos em procedimentos de pouso noturno.
O equipamento é antigo e não recebeu manutenção desde o fechamento do aeroporto, em 2021. Depois de instalado para a vistoria do Grupo Especial de Inspeção de Voo, foi constatado que o brilho emitido por um dos refletores não teria atingido os padrões de segurança exigidos para a homologação, qual seja, de, no mínimo 5 quilômetros de distância da pista. Ao investigar as causas do problema, os técnicos descobriram que o revestimento interno do refletor estava tomado por ferrugem, o que impedia a projeção da sinalização que daria segurança no procedimento de aproximação para pouso.
Sem tempo útil para realizar uma nova vistoria em 2024, os trabalhos de troca do Papi na cabeceira 24 da pista ficarão para 2025, quando uma nova vistoria será realizada pelo Grupo Especial de Inspeção de Voo para aferir a segurança do Indicador de Precisão da Trajetória de Aproximação. Após a nova vistoria, um laudo será encaminhado pelo Geiv ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo, que deverá elaborar o documento que vai liberar a pista para receber aeronaves de grande porte. Esse procedimento pode demorar até 120 dias, de forma que o Aeroporto Regional Francisco de Matos Pereira só deverá ter voos comerciais homologados em abril do ano que vem.
TERMINAL COM PROBLEMA
A reportagem apurou ainda que o saguão velho do Aeroporto Regional Francisco de Matos Pereira, que será usado para embarque e desembarque de passageiros enquanto o governo do Estado não constrói um novo terminal, apresenta uma série de problemas. “Fizeram uns reparos há cerca de seis meses, passaram uma tinta e arrumaram os banheiros, mas não fizeram a manutenção do teto e agora o terminal está com infiltrações em diversos pontos”, narrou uma fonte que pediu para ter a identidade preservada. “Outro problema está na parte elétrica do prédio, que precisa ser praticamente refeita para atender as necessidades das empresas aéreas que vão operar em Dourados depois que a pista for liberada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, completou.
A mesma fonte revelou que o Indicador de Precisão da Trajetória de Aproximação (Papi) da cabeceira 6 foi aprovada pelo Geiv porque o equipamento foi adquirido recentemente, após as conclusões das obras de ampliação da pista. “Ao contrário do Papi da cabeceira 24, que fica para o lado da Avenida Guaicurus, o equipamento da outra cabeceira atendeu todas as exigências do Grupo Especial de Inspeção de Voo”, explicou.
Quem finalizou a sinalização da pista do Aeroporto Regional de Dourados não faz um bom trabalho. “A situação foi tão crítica na vistoria que o pessoal do Geiv teve que permanecer por dois dias em Dourados, quando esse tipo de avaliação é feito em poucas horas”, relatou a fonte. “Isso ocorreu porque os próprios peritos do Grupo Especial de Inspeção de Voo tiveram que fazer as marcações na pista para que o Papi pudesse ser testado, ou seja, agendaram a vistoria da Força Aérea sem saber se a pista estava pronta para ser avaliada”, finalizou a fonte.