Presença de plantas voluntárias de milho no meio da soja e condições climáticas favoreceram aumento das populações.
Lavouras da segunda safra de milho já estão registrando alta presença de cigarrinhas, ligando forte alerta para produtores de alguns estados como Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Em Santa Catarina, a Epagri divulgou relatório na última segunda-feira (17) indicando que a média estadual da incidência da cigarrinha do milho tem aumentado semanalmente no estado.
“Como o produtor está iniciando o segundo plantio, a cigarrinha costuma migrar de plantios antigos, que já estão sendo colhidos, para as plantas novas, concentrando as populações nas áreas de safrinha e aumentando a proliferação do inseto”, alerta Maria Cristina Canale Rappussi da Silva, pesquisadora da Epagri responsável pelo monitoramento.
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“É necessário observar a mudança de cores de cada local. Cada cor significa uma faixa de incidência diferente. Vemos que vários locais estão em vermelho, ou até mesmo em preto. Isso significa que existem lugares com mais de 31 cigarrinhas encontradas por semana. Outros apontam que mais de 120 cigarrinhas foram detectadas nas armadilhas”, explica da Silva.
Outro estado que já tem relação de infestação dos insetos é o Mato Grosso do Sul. O Técnico Agrícola da Casa da Lavoura de Dourados, Antônio Rodrigues Neto, conta que as lavouras de milho safrinha na região de Laguna Carapã já estão com alta pressão da cigarrinha.
“O nível de cigarrinha está ficando muito alto e já estamos entrando com aplicação de defensivos em algumas áreas da região. Dentro do planejamento, vamos realizar aplicações de químicos neste momento e depois também com os biológicos”, conta Rodrigues Neto.
Pesquisador em Herbologia e Entomologia da Fundação MS, Luciano Del Bem Júnior, conta que a janela de plantio para a soja foi mais ampla nesta temporada e a colheita ainda está avançando, com o plantio de milho vindo na sequência e já com a presença da cigarrinha.
“A gente viu nessa safra de soja bastante milho tiguera. Foi um ponto que a gente bateu muito com os produtores e consultores nas nossas apresentações, porque é o principal pilar no manejo da cigarrinha, esse controle do milho tiguera na soja. Na medida que o plantio avançar, a migração da cigarrinha vai ser mais constante”, diz o pesquisador.
Na visão de Del Bem Júnior, apesar de distintas entre as regiões sul-mato-grossenses, as condições climáticas vividas no estado contribuíram para a presença dos insetos nesta safra.
“O estado teve algumas diferenças. Se pensarmos de Maracaju, subindo para Sidrolândia, Campo Grande, Bandeirantes e São Gabriel, a gente teve um cenário de chuva mais regular. Se pensarmos de Dourados descendo sentindo Paraná, Dourados, Caarapó, Fátima e Naviraí, tivemos uma região mais prejudicada em termos de água. Então tivemos dois cenários com diferenças muito grandes, mas ambos favorecem bastante a presença da cigarrinha. Esse calorão acelera bastante o ciclo da praga, o que traz uma dificuldade de controle bastante evidente com relação ao controle. Do outro lado, tem boa temperatura para praga, tem água e alimento disponível, fica o tripé perfeito para que a gente sofra o impacto dessas altas populações”, pontua.
Outro estado em que já há relatos de cigarrinha nas lavouras de milho segunda safra é Goiás. Lia Katzer é produtora rural em Jataí e já registrou a presença destes insetos nas plantas, assim como do percevejo-barriga-verde.
“A alta incidência do percevejo-barriga-verde no milho causa muitos danos, então precisa ser olhado com muito foco. Se observou a presença do inseto no pré-plantio, então tem que aplicar antes da colheita ou antes do milho apontar do solo. O produtor já está fazendo o manejo também para a cigarrinha. Eu tenho milho plantado em 1º de fevereiro e tem produtores com milho mais do final de janeiro, temos visto tecnologias que não estão segurando a presença também de lagartas, que pode ser um problema nesta safra”, conta Katzer.
Fonte: Notícias Agrícolas