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domingo, 24 de novembro de 2024
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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil está em ascensão, porém a inovação no país ainda deixa a desejar

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No início de março, foi divulgada a notícia de que o PIB brasileiro cresceu 2,3% em 2023, de acordo com informações do IBGE, totalizando cerca de R$ 10,9 trilhões em movimentação econômica – com grande contribuição do setor agropecuário.

Apesar de parecer um dado positivo à primeira vista, boa parte desse crescimento não refletiu avanços significativos em inovação no país, revelando desafios a serem superados para alcançarmos um desenvolvimento mais expressivo que impulsione a economia nacional, tornando-nos uma referência mundial em inovação.

Conforme a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, a agropecuária foi responsável por um terço do crescimento econômico no Brasil no ano anterior, impactando positivamente diversos setores relacionados a ela. As exportações do setor, por exemplo, atingiram números recordes em 2023, atingindo US$ 166,55 bilhões – além de ter registrado uma cifra 4,8% superior em comparação a 2022, o que representa um aumento de US$ 7,68 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Ao longo da história, os investimentos crescentes em tecnologia tiveram um papel significativo no destaque do setor agrícola em nossa economia. De acordo com dados da Embrapa de 1970 a 2022, esses investimentos contribuíram com 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola no Brasil nesse período. Embora esses números sejam impressionantes, não refletem necessariamente uma melhoria efetiva em nosso PIB.

Apesar de o setor agrícola investir consideravelmente em inovação para melhorar seu desempenho, muitas dessas iniciativas estão direcionadas às commodities, o que limita a criação de produtos com maior valor agregado. Além disso, é fundamental ressaltar que a inovação não se restringe apenas ao uso de tecnologias avançadas.

O desenvolvimento de uma mentalidade inovadora em uma empresa requer uma transformação abrangente na cultura organizacional, capacitando e treinando colaboradores para compartilhar ideias e se engajar em busca de resultados cada vez mais positivos. É necessário adotar uma abordagem proativa em relação a esse tema, em vez de tratá-lo como algo secundário a ser implementado somente em resposta a desafios enfrentados no mercado.

Hoje, o Brasil ocupa a 49ª posição entre 132 países participantes no ranking do Índice Global de Inovação (IGI), além de ser o 1º colocado da América Latina e Caribe. Porém, à nossa frente, estão nações como Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul – muitas dos quais poderíamos ultrapassar em diversos pontos analisados.

A gestão do conhecimento é um dos pilares que mais chama a atenção negativamente. Os profissionais não estão sendo devidamente capacitadas na gestão de inovação, cujo gap de aprendizagem eleva barreiras dificultadoras para a implementação de um programa de inovador. Afinal, se os times desconhecem a ampla gama de possibilidades de se inovar em um ambiente de negócios, pouco provavelmente conseguirão estimular suas ideias na empresa e identificar oportunidades de melhoria a serem exploradas.

Muito disso deveria ser estimulado desde nas instituições de ensino, promovendo a difusão do conhecimento em inovação entre as universidades e o poder público. Essa é uma troca que pode beneficiar muito a adoção de planos de inovação entre nossas mentes brilhantes, assim como é visto em outros países como Portugal, Irlanda e Singapura – os quais, mesmo não dispondo do mesmo preparo que o nosso, se sobressaem ao Brasil neste aspecto.

Além disso, a intensa burocracia no ambiente de negócios nacional não favorece em nada essa estratégia. Nosso ambiente regulatório empresarial foi considerado o mais severo, em termos da facilidade em se fazer negócios frente à complexidade da legislação nacional, nossas políticas e cultura, nos levando à 99ª posição no ranking. Um cenário complexo para os empreendedores e que precisa ser melhorado para que tenhamos a base necessária para fomentar a inovação nas empresas.

Esses gargalos evidenciam que, por mais que sejamos um país com pleno potencial inovador, pouco disso é refletido atualmente em nosso PIB, o que, caso fosse revertido através da disseminação desta mentalidade inovadora nas empresas, poderia contribuir com um crescimento muito mais expressivo do nosso produto interno bruto e, com isso, uma posição muito mais adequada para nosso território.

Devemos olhar para outras nações e regiões como o Vale do Silício, que representam verdadeiros exemplos inovadores, e buscar incorporar os aprendizados que elas demonstram – adaptando as estratégias por lá aplicadas em nossa realidade, de forma que, junto aos cuidados destacados acima, possamos reverter essas ações em resultados inovadores de excelência.

Alexandre Pierro é mestrando em gestão e engenharia da inovação, bacharel em engenharia mecânica, física nuclear e sócio fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO de inovação na América Latina.

Fonte: Informa Mídia

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