Recente tecnologia aprimora sistemas de baixa emissão de carbono e promove a pecuária sustentável.
Especialistas da Embrapa Agrossilvipastoril, localizada no Mato Grosso, divulgaram uma inovadora tecnologia destinada à pecuária de cria: o Sistema PPS, que combina precocidade, produtividade e sustentabilidade. Esta orientação de manejo é fruto de mais de dez anos de pesquisas sobre integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), voltadas para propriedades que criam gado Nelore no Brasil Central. O Sistema PPS visa potencializar os ganhos de diferentes métodos produtivos, como a integração lavoura-pecuária (ILP) e o silvipastoril (integração pecuária-floresta), de acordo com as demandas de cada etapa da vida do animal.
O sistema propõe a alternância do rebanho entre distintos ambientes visando otimizar o crescimento, estimular a atividade hormonal e de defesa, além de fomentar uma produção pecuária mais sustentável por meio de sistemas com baixa pegada de carbono. Essa iniciativa será oficialmente apresentada pela Embrapa durante as celebrações do 51º aniversário da instituição, na presença do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o pesquisador Luciano Lopes, a definição da estratégia de manejo do Sistema PPS é fruto de extensos estudos sobre o comportamento e saúde dos animais, produtividade e indicadores de maturidade sexual. Lopes esclarece: “Observamos que determinados sistemas de produção são mais adequados para cada categoria, levando em consideração suas necessidades e os objetivos do produtor”.
O Sistema PPS propõe a utilização de diferentes métodos produtivos dentro de uma fazenda. Isso requer um planejamento detalhado para incorporar áreas de integração lavoura-pecuária e áreas de ILPF ou silvipastoril. “Embora um pouco mais complexa em termos de operações, essa abordagem traz benefícios significativos tanto para os animais quanto para o meio ambiente, promovendo uma melhor dinâmica de carbono”, destaca Lopes.
A rotação estratégica do rebanho é uma das características fundamentais do Sistema PPS. Durante a estação de reprodução, as matrizes são conduzidas para locais sombreados pela floresta, onde há menos estresse térmico e melhores equilíbrios hormonais, beneficiando a reprodução. Após a fertilização, as matrizes são transferidas para áreas de ILP, visando o ganho de peso necessário para o desenvolvimento dos fetos. Próximo ao momento do parto, as vacas retornam ao sistema silvipastoril para reforçar sua imunidade e transferir anticorpos aos bezerros, que nascem em ambientes termicamente mais favoráveis.
Além das recomendações para matrizes, o Sistema PPS também oferece orientações para outras categorias de animais, como vacas de primeira cria, bezerras desmamadas, novilhas em crescimento e animais para engorda ou descarte. Essas instruções fazem parte de uma publicação da Série Sistemas de Produção, disponível para download gratuito no site da Embrapa Agrossilvipastoril.
O Sistema PPS é baseado nas vantagens de cada modalidade de consórcio, explorando as condições microclimáticas do silvipastoril e os benefícios da ILP para o solo. No entanto, a recomendação de manejo foi validada apenas para gado Nelore nas condições climáticas do Mato Grosso, sendo necessárias novas pesquisas para adaptá-lo a outras raças.
As pesquisas para o desenvolvimento do Sistema PPS contaram com a colaboração da Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte), que forneceu rebanho e parte do financiamento, e da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que também apoiou o custeio durante alguns anos. A Embrapa Agrossilvipastoril está agora trabalhando em uma versão do Sistema PPS focada no ganho de peso dos machos, ampliando o escopo da tecnologia para outros segmentos da pecuária de cria.
Fonte: Portal do Agronegócio