23/11/2015 14h22 – Atualizado em 23/11/2015 14h22
Para órgão norte-americano, tamanho dos grãos afetou a produtividade das lavouras do Brasil – maior produtor da commodity no mundo; cafeicultor fica à espera de preço melhor no mercado
No campo, não houve nenhuma surpresa. Para o setor produtivo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) só confirmou uma tendência que já vinha sendo apontada ao longo do ano: grãos menores e queda média de 9% na safra cafeeira do Brasil.
“Não vai faltar café, mas quem tem um produto de qualidade vai segurar, por uma situação financeira melhor”, disse ao DCI, o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino, quando questionado sobre a diminuição nos estoques da commodity também apontada pelo órgão norte-americano, em relatório divulgado na última sexta-feira (20).
De acordo com o adido agrícola dos Estados Unidos no Brasil, a temporada cafeeira de 2015/ 2016 deve ser encerrada com 49,4 milhões de sacas de 60 quilos, contra as 54,3 milhões de sacas da safra anterior.
Do total, a produção de arábica está estimada em 36,1 milhões de sacas, enquanto a safra de robusta está projetada em 13,3 milhões de sacas, visto que a colheita foi praticamente concluída em outubro.
A mais recente pesquisa oficial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de setembro, fala em uma safra 2015/2016 de café com 42,15 milhões de sacas (31,3 milhões de sacas de arábica e 10,85 milhões de sacas de robusta).
O rendimento menor, cuja justificativa do USDA é o tamanho dos grãos, é fruto de efeitos climáticos que têm afetado os últimos ciclos da cultura. Um ponto de destaque foi a forte estiagem ocorrida nas lavouras no primeiro semestre de 2014. Nesta temporada, as chuvas também trouxeram impacto durante a colheita de determinadas regiões.
O cenário leva os produtores a recorrerem aos estoques – que, posteriormente, não são recompostos – para honrarem seus compromissos com o mercado internacional.
“Só quando normalizar o clima é que a gente vai recompor . Isso ninguém pode prever”, enfatiza Paulino. O órgão americano projeta um volume de 5,2 milhões de sacas para os estoques finais deste ciclo, queda de 4,2 milhões de sacas em comparação com a safra anterior, “como resultado da menor disponibilidade do produto”, informa.
Preços e exportações
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do café arábica está em torno de R$ 470 por saca de 60 quilos. Paulino acredita que os produtores com grãos de qualidade vão esperar para que os indicadores voltem a patamares superiores, como os picos de R$ 490 já atingidos, para fecharem seus contratos.
“É importante lembrar que vamos ter uma exportação de 36 milhões [de sacas]. Antigamente a gente exportava 28 milhões”, lembra o presidente da cooperativa.
O último levantamento do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que, nos últimos 12 meses, o País embarcou 36,2 milhões de sacas e obteve receita cambial de US$ 6,348 bilhões.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria