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quarta-feira, 20 de novembro de 2024
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Produtora desmascara ex-assessor do Cimi durante depoimento em CPI

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09/12/2015 14h08 – Atualizado em 09/12/2015 14h08

A produtora rural Roseli Maria Ruiz desmascarou hoje (8) o ex-assessor jurídico do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Maucir Pauletti, durante depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga se o órgão incita e financia invasões de terras particulares em Mato Grosso do Sul.

Em audiência anterior, foi exposta uma gravação, onde Pauletti faz afirmações polêmicas sobre a Igreja Católica, o Cimi e seu envolvimento na questão da invasão de terras. Ao seu interlocutor, ele afirma que a Igreja tem o poder de atuar nos bastidores e que “trabalha de forma desumana”. Pauletti também demonstra mágoa com a igreja e com o Conselho Indigenista Missionário.

O ex-assessor do Cimi se refere a uma “hipocrisia sem precedente” e diz que está “morto profissionalmente” depois da “fritação e queimação” que sofreu. No mesmo trecho, diz estar de posse de um dossiê, que não será divulgado caso os padres deixem ele quieto, apenas desenvolvendo seu trabalho.

Na mesma gravação, o ex-assessor do Cimi fala claramente sobre a guerra entre indígenas e fazendeiros e admite uma “sequência de crimes em cadeia”, onde ele se inclui.

Questionado sobre tais declarações pela presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PTdoB), Pauletti afirmou que a gravação foi um desabafo após o fechamento do escritório do Cimi em Campo Grande. Deixou claro que sua fala se refere a questões particulares envolvendo sua atuação na igreja, e não no Cimi.

Apesar de deixar claro que o assunto era a atuação de Pauletti no Cimi e sobre invasão de terras, o diálogo só fez sentido depois do depoimento da produtora rural Roseli Ruiz, que é autora da gravação. Ela apresentou aos membros da CPI o áudio e a transcrição completa e todo o contexto do ocorrido.

Roseli ficou sabendo em 2005 que Maucir Pauletti foi um dos responsáveis pela invasão da fazenda Barra, de propriedade de sua família, ocorrida em 1998. Procurou o ex-assessor do Cimi para uma conversa na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), onde ele teria feito revelações importantes. Entretanto, nada foi gravado e não havia provas.

A produtora rural convenceu Pauletti de um segundo encontro, desta vez com a presença de seu marido, Pio Silva. Esse foi o diálogo gravado e exposto de forma completa aos membros da CPI.

Na conversa, Roseli fala de uma reunião entre Dom Bruno, então Bispo de Jardim e presidente regional do Cimi, e Alberto Capucci, membro da instituição, onde Alberto confirma que quem esteve por trás da invasão é Pauletti, Nereu Schneider , Olívio Mangolim e Miguel Feeney.

Maucir Pauletti responde que o bispo blefou e que a Polícia Federal tem certeza do envolvimento de Alberto Capucci e Jorge das Neves. Também se coloca à disposição do casal para, “de forma independente”, ajudar no que for possível. Afirma ainda que está abalado com muitas coisas que Roseli disse durante a conversa.

O ex-assessor do Cimi ameaça falar coisas que está “carcomendo” há dois anos, data que condiz justamente com um processo movido contra ele pela própria instituição por desvio de recursos. Também diz que está sofrendo muito com todo esse processo.

Sobre esse trecho, a produtora rural fez o seguinte comentário: “se ele estava desabafando sobre assuntos pessoais relativos à igreja, por que eu estaria sofrendo mais ou menos que ele?”.

A respeito da fala de Pauletti sobre a “atuação desumana” da igreja, nos bastidores, fica claro no depoimento de Roseli Ruiz que o assunto era o Cimi.

A “fritação” citada por Pauletti também fica esclarecida no depoimento de Roseli como uma referência clara ao processo movido contra ele pelo próprio Cimi por desvio de recursos.

CHANTAGEM

Em outro trecho da conversa, o ex-assessor do Cimi promete “ficar quieto” desde que os padres o deixem quieto. Caso contrário, vai “tentar corrigir os estragos que foram feitos”. Também se refere a um suposto dossiê.

Roseli Ruiz diz que o dossiê citado por ele nada mais é do que ameaça de chantagem. “Depois de passar anos atuando no Cimi, e ser processado, ele fala em fazer chantagem com os padres”, comentou.

Ao final de seu depoimento, a produtora rural enfatiza que Maucir Pauletti mentiu, mesmo sob juramento, uma vez que afirmou aos membros da CPI que o assunto tratado no diálogo era particular e tinha relação apenas com sua atuação na igreja.

De acordo com Mara Caseiro, que preside a CPI, há possibilidade de uma acareação entre os dois, o que deverá ser colocado em votação nas próximas sessões.

Produtora desmascara ex-assessor do Cimi durante depoimento em CPI

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