06/04/2016 11h38 – Atualizado em 06/04/2016 11h38
O faturamento das exportações de carne bovina in natura aumentou 21,3% em março, na comparação com o mesmo mês de 2015, puxado pela valorização do dólar frente o real e pela maior abertura de mercados ao produto brasileiro. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o valor saltou de US$ 339,4 milhões para US$ 411,8 milhões.
Houve ainda alta de 82,1 mil toneladas em março de 2015 para 110,9 mil no mês passado, o que representa alta de 35,0% nas exportações de carne bovina. A diferença foi positiva em 11,4% sobre as 99,5 mil toneladas de fevereiro deste ano.
Resultados que contribuíram para aumentar ainda mais o saldo positivo da venda de carne bovina no trimestre, que foi de US$ 993 milhões no período em 2015 para US$ 1,106 bilhão neste ano, alta de 11,4%.
“O ano passado começou devagar pela desvalorização do rubro na Rússia e tivemos a recuperação de novos mercados desde meados de 2015”, diz o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio.
Ele cita Arábia Saudita e China como os principais motores dessa diferença, mas conta que o aumento dos embarques de carne servirá como recuperação diante da desaceleração em 2015. “Esperamos um resultado bastante positivo. Batemos o recorde em 2014, com US$ 7,2 bilhões, em 2015 foram US$ 6 bilhões e neste ano buscamos US$ 7,5 bilhões”, afirma Sampaio.
Os maus resultados do último ano, porém, podem ser o entrave para que o setor deslanche em 2016. o veterinário técnico em bovinocultura Fábio Mezzadri, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), afirma que a baixa disponibilidade de animais prejudica qualquer previsão de mercado. “O preço interno vem subindo e não dá sinal de queda mesmo em pico de safra, o que é sinal de que a oferta não é suficiente para suprir a demanda”, diz.
Mezzadri aponta que boa parte dos abates deve ocorrer até maio, porque é mais fácil manter a engorda do animal antes do inverno, quando as pastagens ficam secas. “Por isso, há um favorecimento das exportações neste momento”, conta. Para ele, porém, são mesmo a disparada do dólar em relação ao ano passado e a abertura de mercados que impulsionam o setor.
Participação interna
O diretor executivo da Abiec acredita que o consumo externo aumente proporcionalmente ao interno em 2016. “A exportação soma 20% do que é produzido em média e é possível que o percentual aumente neste ano, o que traz equilíbrio para a indústria”, diz. Ele lembra que o País já chegou a exportar 25% do total em um ano, mas não arrisca um índice.
Diferença que pode ter reflexo no preço ao consumidor nacional, diz o veterinário do Deral. Ele considera que, pela conjuntura, existe espaço para inflação nos preços do produto nas gôndolas. “Mas a carne bovina tem uma peculiaridade, que é a substituição por outras proteínas animais quando o custo atinge um patamar.”
Para o produtor, é hora de se preparar para o futuro. “Bem capitalizado, ele pode investir em produtividade e tecnologia, mas precisa entender quais são os tipos de carne que a indústria regional precisa”, sugere Sampaio. “No Paraná, estão incrementando os rebanhos e deixando de abater tantas matrizes, mas o ciclo demora quatro anos”, completa Mezzadri.
Fonte: Folha Web