12/04/2016 11h45 – Atualizado em 12/04/2016 11h45
Utilizado com grande sucesso na correção da acidez dos solos agrícolas, garantindo a partir da correção uma maior eficiência aos fertilizantes e adubos colocados na terra na hora do plantio, o calcário é insumo indispensável na agricultura, especialmente nas regiões de cerrado onde, normalmente, os solos são mais ácidos e, por isso, menos eficiêntes sem a devida correção.
O calcário pode ser calcítico ou dolomítico. O calcítico tem no máximo 4% de magnésio e um mínimo de 40% de cálcio. Já o dolomítico tem um mínimo de 10% de manganês e cerca de 30% de cálcio. A escolha de utilização de um tipo ou do outro é feita pelo agricultor a partir dos resultados dos exames do solo. Se o solo estiver com excesso de magnésio por exemplo, ele deverá usar o calcítico. Se estiver com muito cálcio, num outro exemplo, ele deverá usar o dolomítico, que tem mais magnésio e menos cálcio.
Fundada em 1973, e localizada no município de Bela Vista, próximo a Bonito, em Mato Grosso do Sul, a Mineração Bodoquena é responsável pelo abastecimento com calcário de grande parte das áreas agrícolas sul-mato-grossenses. Mais de 50% das lavouras de soja, milho, algodão e também de áreas de pastagens são tratadas com o produto da Calcário Bodoquena.
Segundo explica o fundador da empresa, Antônio Aranha, carinhosamente chamado pelos clientes e familiares de “seu Toninho”, ele afirmou ao Correio Rural na última quinta-feira, durante visita da reportagem à mineradora, que produz 1 milhão e 300 mil toneladas de calcário por ano.
A área total da mineradora é de 700 hectares e a mina tem capacidade de exploração por muitas gerações, conforme garante Antônio Aranha. Conforme explicou Frederico Aranha, um dos filhos do seu Toninho, a exploração do calcário é feita na mesma lavra de 15 hectares, desde a fundação da mineradora há 43 anos. “E essa lavra poderá ser explorada por mais 50 anos e, na área total da Bodoquena, há reserva de calcário para muitas gerações ainda”, garante o diretor. Quanto à qualidade do calcário extraído, tanto ele Frederico, como o pai dele, seu Toninho, garantem que tem 80% de fator de correção de acidez do solo, denominado PRTN.
O calcário agrícola é utilizado na correção da acidez do solo, garantindo maior produtividade e, também, uma diminuição do uso de fertilizantes pelos agricultures, já que esse insumo não tem o efeito esperado em solos mais ácidos, nos quais se perde até 40% do material utilizado, conforme os dados gerados pela Abracal – Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola.
O Brasil é autossuficiente na produção de calcário agrícola e consome 33 milhões de toneladas/ano do insumo. Embora esse volume tenha crescido nos últimos anos, ainda é menor do que a metade recomendada por pesquisadores do setor, segundo os dados da Abracal.
PORQUE USAR
As principais consequências da acidez do solo para os sistemas agrícolas são a baixa produtividade e a redução dos lucros dos agricultores. E isso acontece em função de:
• Presença do alumínio tóxico, prejudicando o crescimento das raízes;
• Baixos teores de cálcio e magnésio no solo, nutrientes essenciais para a nutrição das plantas;
• Baixa eficiência da adubação, aumentando os custos de produção e gerando menores colheitas.
E qual seria a solução para corrigir esses problemas? Para a correção da acidez do solo, o calcário é o principal produto utilizado na agricultura. Usar o calcário certo também é um dos fatores importantes.
Conforme salientou Frederico Aranha, quando o solo é bem equilibrado os agricultores reduzem a aplicação de produtos nitrogenados. E isso representa, entre outros benefícios importantes, a redução nos custos gerais da lavoura. Também representa benefícios ao meio ambiente, sem contar com a redução das importações de componentes e produtos utilizados na fabricação dos nitrogenados.
“Só para que seja mais facilitado o entendimento, explico que uma tonelada de calcário custa no mercado aproximadamente R$ 50, enquanto uma tonelada de fertilizante ou adubo custa R$ 1.000. E com o uso do calcário para a correção da acidez do solo, o fertilizante aplicado responderá com muito maior eficiência, podendo o agricultor utilizar menos desse insumo, barateando significativamente o custo de sua lavoura”, detalhou Aranha.
A Mineração Bodoquena tem hoje estocado em seus pátios aproximadamente 350 mil toneladas de calcário e a produção é feita de forma intermitente. Além da comercialização do calcário, a empresa também vende para municípios próximos aproximadamente 20 mil toneladas de brita por ano.
A EXPLORAÇÃO
O trabalho de exploração da lavra é feita com a detonação de explosivos na rocha. São feitas três detonações por semana, normalmente. Após a explosão da pedreira, uma pá-carregadeira Case 721E é usada para fazer a limpeza do pátio, juntando as pedras e abrindo espaço para a entrada dos caminhões e da escavadeira hidráulica Case CX470B que sobe no desmonte para começar a carregar.
Do pátio de detonação, as pedras são levadas para as britagens, primária e secundária. “Depois desses processos, as pedras caem em uma espécie de pulmão e são transportadas por correias para os moinhos, que são a última parada para a produção do calcário agrícola. As pedras menores são utilizadas como brita para a construção e vendemos para localidades aqui mais próximas”, explicou Frederico Aranha.
O diretor explica que as pás-carregadeiras que operam nesse processo de carregamento dos caminhões com o calcário tem uma balança instalada no sistema hidráulico, o que dá mais precisão e agilidade no trabalho de pesagem da produção. “As máquinas da Case são rápidas e bem adequadas para o nossos serviços. E o atendimento da concessionária Tork também é muito bom e próximo”, avalia o fundador da Bodoquena, Antônio Aranha.
Seu Toninho salientou a importância de se fazer bem os trabalhos, “fazer o nosso melhor”. Ele destacou a importância do trabalho dos seus mais de 100 funcionários. “Mais do que o dinheiro que todos ganhamos, considero fundamental a realização pessoal de cada um com o sucesso e a constatação do trabalho bem feito”, concluiu o empresário do setor de mineração de MS.
Fonte: Correio do Estado