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Agricultor brasileiro não produz como o coronel Afrânio

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19/04/2016 11h29 – Atualizado em 19/04/2016 11h29

Por José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan.

A novela Velho Chico está muito bonita e, em sua história, aborda temas de muita importândia para o agronegócio brasileiro, e acime de tudo, para a imagem do nosso agricultor e da produção agropecuária perante a grande opinião pública do País.

A novela está sob comando de um grande autor, Benedito Ruy Barbosa com quem já fizemos belos trabalhos na época da famosa Rei do Gado. E com o velho Benedito estão seus filhos talentosos a Edmara e o Bruno. Quer dizer, até que enfim uma novela que nos traz o campo, o interior e fugimos das tramas aceleradas das grandes cidades. E está muito gostosa de ver e impossível de não se envolver na sua competente trama de emoções e enredo. Parabéns Benedito e família.

Porém, preciso, por destino deste meu ofício, de comentarista do agronegócio, ajudar com algumas correções, importantes para todo o País e que, de forma alguma, interferem na muito capaz trama dos personagens.

Um exemplo que mexe com o agronegócio foi num capítulo da semana passada, quando a personagem , a linda Maria Tereza, Camila Pitanga, a filha do coronel Afrânio Vilela, o grande ator Fagundes, esmaga uma manga, da fazenda do coronel, ensopada de defensivos e manda o pai comer. O coronel responde “eu não planto para comer, eu planto para vender”.

Seria simples a personagem da rebelde e brava filha do coronel apenas acrescentar por exemplo: “coronel, o senhor precisa saber que para colher e comer a fruta, só pode pulverizar tendo uma semana de antecedência” – e claro, aí não daria para explicar que se for com alguns produtos pode ser de 0 a 3 dias, a maior parte dos piretróides de 7 dias, dos organofosforados pode chegar a 21 dias, ou mais pedagogicamente mencionar o produto e qual a carência legal do rótulo ou melhor ainda o receituário agronômico e suas corretas orientações , pois cada produto tem sua especificação de uma, duas, três semanas etc.

Fica a percepção de que toda a produção brasileira que recebe defensivos está contaminada e envenenada, mesmo para quem segue o rigor da lei, e da rastreabilidade, e os padrões exigidos pela regulamentação cientifica.

E, ainda mais, eu gostaria de conhecer algum produtor de frutas do vale do São Francisco, que ainda se pareça com o estereotipo do maldoso coronel Afrânio. Se você conhecer um assim, me avisa, que irei lá pessoalmente para entrevista-lo. Um homem desse não sobrevive mais na área da fruticultura de exportação, com suas exigências e alta tecnologia.

E, claro, adoraria também encontrar uma produtora rural, com um belo vestido esvoaçante pelos campos, como se num desfile de moda estivesse acontecendo. As nossas jovens e mulheres do agro são de bota, jeans, chapéu, e coragem com tecnologia, como a Marcela Porto Costa, por exemplo, lá da fazenda Santa Brigida, e muitas outras jovens do novo campo brasileiro

A novela está linda e eu adoro. São apenas alguns pequenos detalhes para proteção dos nossos agricultores e agricultoras que em nada se parecem com o coronel Afrânio.

Agricultor brasileiro não produz como o coronel Afrânio

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