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Embrapa aborda temas relacionados a sistemas de produção em Congresso Nacional de Inovações

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08/06/2016 12h31 – Atualizado em 08/06/2016 12h31

A terceira edição do Congresso Nacional de Inovações Técnico-Científicas, Inclusão Social e Valor Agregado do Agronegócio (CNAGRO) teve como objetivo discutir soluções para o futuro da agropecuária nacional. Nos dias 1º e 2 de junho, na Unigran, o público – acadêmicos, técnicos, professores e produtores – pôde participar de palestras focadas em sistemas de produção. A abertura do evento foi realizada por Selmos Gressler, com o tema “Inovações técnico-científicas, inclusão social e valor agregado no agronegócio”, seguido por Fernando Lamas, secretário da Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar), que falou sobre os entraves e perspectivas para o agronegócio no Centro-Oeste.

Da Embrapa Agropecuária Oeste, foram sete temas: nematoides, limitações climáticas, gases de efeito estufa, viabilidade econômica, silicato, irrigação, potencialidades dos sistemas de produção – todos os assuntos foram tratados dentro do contexto do sistema de produção.

Nematoides
Durante a palestra sobre “Manejo de nematoides em sistemas de produção agrícola, o pesquisador Guilherme Asmus, e chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, enfatizou que os nematóides são perfeitamente manejados. Segundo ele, é possível a convivência com esses parasitos ao modelar o sistema de produção para não haver sequência de cultivos hospedeiros com sistemas integrados e diversificados de produção – a sequência de cultivos suscetíveis semeados em sequência aumenta a densidade populacional dos nematoides que parasitam as raízes das plantas. Dados de pesquisa em experimentos mostraram que após o primeiro ano de implantação de rotação de culturas com plantas não hospedeiras de nematoides (milho, braquiária, algodão, cana-de-açúcar, incluindo ILP) houve redução de 70% da densidade populacional de nematóides.
“A alta população de nematoides, na maioria das vezes, é consequência de manejo inadequado do solo”, diz o pesquisador, que ressaltou também que os sistemas integrados e o conservacionistas só dão resultado quando são executados de forma contínua. Ao se retornar ao sistema convencional, a densidade de nematoides que havia reduzido, volta a aumentar. Em Mato Grosso do Sul, os principais nematoides são os nematoides das lesões radiculares, seguido pelos nematoides-de-galhas e nematoide de cisto.

Limitações climáticas
Claudio Lazzarotto falou sobre as “Limitações climáticas da produção vegetal: perspectivas futuras”. Lembrou que as condições climáticas na última safra de soja e até recentemente é atípico e tem influência do El Niño, por isso não pode ser considerado dentro de uma estatística histórica, porque foge aos padrões.
Disse também que o que muda não é o quantitativo anual de chuva, que se mantém em cerca de 1400 mm, mas sim sua distribuição ao longo do ano. E que por esse motivo é preciso estar preparado e ter o balanço hídrico como um dos fatores do planejamento agrícola. Mas para ter precisão é necessário que se faça a leitura no máximo de cinco em cinco dias. O ideal é que seja uma leitura diária, principalmente para quem trabalha com agricultura de precisão e com irrigação. E o pluviômetro, simples, mas bem instalado e distribuído em diversos pontos da lavoura é uma ferramenta essencial para o registro meteorológico para se ter um histórico de índice de chuvas em cada área da propriedade. “Com o resultados dos pluviômetros, é possível saber onde estão os problemas de produtividade e quando começar o plantio em cada área”, explicou.

Gases de efeito estufa
Segundo a pesquisadora Michely Tomazi, da Embrapa Agropecuária Oeste, a atividade do setor agropecuário representa aproximadamente um terço do produto interno bruto na economia nacional, mas por outro lado, tem a mesma representação na emissão de gases de efeito estufa no Brasil.
No 3º CNAGRO, Michely ressaltou que o cultivo de lavoura de grãos com práticas inadequadas de manejo do solo para as condições de clima tropical e a criação de gado contribuem fortemente para estas emissões. “A produção em sistemas integrados, alternando lavoura em plantio direto e pastagem tem sido uma das práticas mais eficientes em aumentar o sequestro de carbono do solo e a produtividade das culturas, devido ao benefício mútuo entre as culturas da rotação e os animais”, afirma.
Segundo ela, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) favorece a melhor ambiência para os animais e o acúmulo de carbono nas árvores. “Mesmo com redução de área para produção agrícola, há uma compensação pelo ganho econômico da venda da madeira. Desta forma é possível anular totalmente a emissão de gases pela lavoura e pela criação de gado, e até obter ganhos em sequestro de carbono. Portanto, a atividade agropecuária na região tropical, quando realizada em sistemas integrados incluindo o componente arbóreo, pode contribuir para a mitigação de gases de efeito estufa e ser uma aliada no combate às mudanças climáticas do planeta”, concluiu.

Viabilidade econômica
São diversas opções para MS, entre eles milho, forrageiras, crambe, nabo forrageiro, girassol e crotalárias. O analista da área econômica, Alceu Richetti, enfocou três temas em palestra intitulada “Sistemas de produção: benefícios econômicos para o produtor” : desempenho econômico dos sistemas de produção no outono-inverno; a viabilidade econômica do sistema integrado na safrinha; e a viabilidade econômica do sistema milho safrinha em consórcio com braquiária seguida pela sucessão soja/milho solteiro.

Quando ao desempenho econômico dos sistemas de produção no outono-inverno, Richetti apresentou resultados de um trabalho da safra 2013/14, no qual os melhores resultados foram do milho consorciado com braquiária/soja dentro do período de plantio estipulado pelo zoneamento agrícola. “Fora do zoneamento, o rscio é maior e o retorno econômico é muito baixo. Verificamos também que o pousio com dessecação, é inviável”, afirma Richetti.A braquiária solteira melhora a eficiência econômica, aumenta a rentabilidade e a lucratividade da pecuária do sistema integrado na safrinha. “A braquiária solteira e a consorciada com o milho são ativos complementares e os resultados são maximizados”, diz o analista.

Já no sistema de milho em consórcio com braquiária o resultado é positivo para o sistema de produção, porque o consórcio aumenta a produtividade da soja que é plantada logo após a safrinha, assim como aumenta a produtivo do milho solteiro após a safra de soja. Isso resultado em melhoria da sustentabilidade ambiental e econômica das culturas envolvidas no sistema, reduz os riscos de perda na lavoura em períodos de veranico e, consequentemente, proporciona incrementos significativos de produtividade.

Silicato
A palestra do pesquisador Oscar Fontão de Lima Filho foi “Uso de silicatos na agricultura”, em que foi apresentada a importância do silício na natureza, sua ocorrência e as principais características do elemento em solos e plantas. E como o uso do silício na agricultura e trabalhos científicos com silicatos são antigos. “Dentro de critérios de essencialidade mais atuais, o silício enquadra-se como um nutriente, apesar de que pelo critério vigente e mais antigo, aceito pela maioria dos pesquisadores, o silício é considerado como um elemento benéfico”, explicou Lima. Segundo o pesquisador, a legislação brasileira atual, considera o silício um micronutriente, a fim de normatizar os processos de fabricação de fertilizantes silicatados.

De acordo com Lima, o ácido silícico é a única forma absorvida pelas plantas e animais. “O silício pode ser considerado como um antiestressante natural para as plantas, pois a sua suplementação, em solos com baixos níveis de ácido silícico, pode diminuir substancialmente os efeitos de estresses bióticos (pragas e doenças) e abióticos (temperaturas extremas, vento forte, metais pesados, salinidade, escassez hídrica, etc)”, afirmou. Entre outros benefícios do silício estão o aumento da fotossíntese, da resistência ao estresse hídrico, dos atributos de crescimento e produção em diversas culturas, da fixação simbiótica do nitrogênio em soja e aspectos positivos das interações nutricionais, como aquelas com o nitrogênio e fosfóro, além da melhoria na qualidade comercial de produtos como tomate e flores.

Lima disse que existem diversas fontes de silicatos para a agricultura, incluindo-se a produção de escória de siderurgia para uso agrícola. ” A utilização de silicatos na agricultura tem enorme potencial de crescimento, mas carece, ainda, de insumos de fácil aquisição e disponibilidade para o agricultor, como as escórias de siderurgia”, concluiu.

Irrigação
“Potencialidades da implantação de sistemas irrigados em Mato Grosso do Sul” foi o tema da palestra do pesquisador Danilton Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste. Ele afirmou que o Estado não tem problemas na quantidade de chuva anual, mas sim na distribuição da quantidade de chuva durante o ano. São limitações climáticas do Estado que interferem no sistema de produção.
Como lembra Flumignan, na última safra de soja, (safra 2015/2016), apesar da ocorrência de chuva, no início do plantio a cultura precisou de água. “A irrigação na cultura da soja aumenta a produtividade da oleaginosa e garante patamares de produtividade altos e estáveis em todas as safras”, afirma. Mas não somente na soja.

Outros sistemas de produção que envolvem o milho, as hortaliças e o gado leiteiro também são exemplos que necessitam de irrigação em determinados períodos do ano. No caso das hortaliças, Flumignan destaca a necessidade de se investir em irrigação, já que Mato Grosso do Sul não consegue atender a demanda, tendo que importar hortaliças de outros estados. Ele enfatiza que, no caso das hortaliças, com a irrigação, a produção de hortaliças aumenta, gera-se empregos, o homem fixa-se ao campo, entre outros benefícios.

A análise econômica também é positiva. Segundo o pesquisador, a viabilidade econômica da cultura irrigada é maior do que a da cultura de sequeiro – na ponta do lápis, o investimento gera saldo positivo e gera lucro superior ao da cultura de sequeiro. Ambientalmente, o pesquisador deixou claro que a irrigação não desperdiça água potável da natureza. Ela simplesmente se transforma. A água, que vem dos corpos hídricos como águas subterrâneas, rios e lagos, é captada na forma líquida para ser utilizada na agricultura e retorna ao ambiente por evapotranspiração do solo e da planta. O vapor vai se transformar em chuva.

Potencialidades dos sistemas de produção
O pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste, ministrou a palestra “Posicionamento estratégico dos componentes do sistemas de produção diante de adversidades climáticas”, não só da sucessão soja/milho safrinha, mas também de outras culturas, como aveia, trigo, cana-de-açúcar e sorgo. Duas estratégias foram apontadas pelo pesquisador para que o produtor realize o posicionamento estratégico: o manejo do sistema de produção e o manejo da espécie.

O manejo de sistema de produção é essencial para a melhoria do perfil de solo, o aprofundamento do sistema radicular da planta e o armazenamento de água no solo. Para isso é importante escolher gramíneas forrageiras, fazer a rotação de culturas, escolher espécies com sistema radicular mais profundo, introduzir plantas de cobertura no sistema e fazer a correção do solo. “É um manejo mais trabalhoso, porque envolve mais espécies, mas o produtor verá grandes benefícios a médio e longo prazos”, diz Garcia, lembrando que esta estratégica deve fazer parte da gestão da propriedade.

A segunda estratégica garante benefícios a curto prazo que associada ao manejo do sistema de produção traz excelentes resultados: o manejo da espécie. Neste caso, o manejo envolve aspectos como escolha adequada de cultivares, a época ideal de plantio, o escalonamento de plantio, entre outros. O feijão, por exemplo, é uma boa alternativa em épocas em que o milho terá menor potencial produtivo ou após o término do zoneamento agrícola do milho safrinha.

Embrapa aborda temas relacionados a sistemas de produção em Congresso Nacional de Inovações

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