12/07/2016 11h22 – Atualizado em 12/07/2016 11h22
Por Ricardo Bertola, Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), Especialista em Produção de Gado de Leite pela Recursos Humanos no Agronegócio (Rehagro), Consultor Técnico da Alta.
Diariamente convivemos com mudanças, recebemos novas informações e isso nos deixa mais atentos às constantes transformações. Segundo palestras do famoso antropólogo professor Marins, nos próximos cinco anos ocorrerão mais mudanças do que nos últimos 25. A princípio, pensamos: isso é impossível. Mas quando percebemos o que realmente está acontecendo a nossa volta, vemos que é sim, totalmente possível.
Na área da genética de bovinos leiteiros não poderia ser diferente. Muito pelo contrário: a cada dia recebemos mais informações que deverão ser processadas e utilizadas como ferramentas de trabalho, dentro de um programa de melhoramento genético.
Há alguns anos éramos acostumados a ver um touro no topo da lista do TPI (índice de seleção que possui pesos de importância relacionados com um mercado de leite típico dos Estados Unidos), por consecutivas mudanças de provas. A velocidade do melhoramento era muito menor, não tínhamos a tecnologia genômica. Hoje, o dinamismo com que surgem novos e melhores touros é incrível. A intensidade de seleção é cada vez mais forte e o intervalo entre gerações cada vez menor. Os touros permaneciam por muitos anos, até mais de décadas, sendo utilizados como reprodutores. Isso aconteceu com grandes touros da história como Arlinda Chief, Tradition, Chief Mark, Blackstar, entre outros.
Por mais estranho que pareça, a era Genômica e toda essa atual aceleração, causam certa frustação em muitos técnicos ainda acostumados com a maneira antiga. A falta de conhecimento de novos pedigrees e as constantes mudanças nos rankings dos touros causam essas decepções. Daí a necessidade de atualizarmos os conceitos e identificarmos quais realmente são importantes. Precisamos estar abertos as mudanças e preparados para sair da nossa zona de conforto.
Na Alta Brasil, por exemplo, temos seis técnicos que foram membros oficiais do Colégio Brasileiro de Classificadores da Raça Holandesa. Estes profissionais são de um tempo em que a classificação linear de vacas tinha uma importância muito maior. Atualmente, longe de desprezar o passado, mas vivendo com as possibilidades do presente e tentando enxergar o futuro, todos estes técnicos entendem que novas e poderosas ferramentas surgiram e, sem exceção, todos se atualizaram o bastante, a ponto de assimilarem estes novos conhecimentos, colocando-os em prática nas suas recomendações diárias.
Vale lembrar que as avaliações lineares foram e ainda são fundamentais no estabelecimento da população-base para a validação dos marcadores moleculares. Na verdade, há um consenso de que as coisas estão se tornando mais transparentes e, para quem acredita e utiliza estas novas ferramentas, não há dúvida de que podemos, a cada dia, promover um melhoramento genético muito maior nos rebanhos leiteiros. É o que o quadro técnico da Alta tem feito. Melhor para todos os envolvidos: técnicos e clientes produtores.
Por muitos anos foram atribuídas à longevidade de vacas as características de tipo, principalmente sistema mamário e pernas/pés. Na verdade, oficialmente, não tínhamos nas provas informações como as atuais, de características extremamente correlacionadas à longevidade de vacas, como Vida Produtiva (PL), Taxa de Fertilidade de Filhas (DPR), Habilidade de Parto (CA), dentre outras. A característica PL, por exemplo, foi incluída nas provas de touros somente em julho de 1994. Além disso, são características de alta correlação com fatores financeiros.
Com isso, fica claro que a cada dia temos mais informações a serem consideradas em um programa de melhoramento genético e que devemos estar atentos a todas elas. Na verdade, com a acurácia que temos nas provas de touros, podemos moldar a vaca que estaremos ordenhando no futuro. Nós podemos escolher o caminho a ser seguido.
Todas as tendências e mudanças citadas transformam-se em grandes desafios para os técnicos. O objetivo é justamente colocar em prática todo este conjunto de informações, que é a prova de um touro, de modo a contemplar os objetivos do criador.
Como essas informações poderão ser utilizadas aqui no Brasil? As necessidades dos produtores brasileiros são as mesmas? Deverão seguir as mesmas tendências? É para dar respostas que a Alta atende de forma diferenciada os seus clientes, preocupando-se em elaborar planos genéticos específicos. Não basta apenas conhecer provas de touros; é preciso saber usá-las. Além disso, é importante conhecer muito bem a propriedade que atendemos e, principalmente, os objetivos dos proprietários. Muitos deles não possuem sequer objetivos pré-estabelecidos. Muitos escolhem touros que não contemplam seus objetivos ou, até mesmo, que sejam totalmente contrários ao que ele quer ou diz que quer. Produtores vizinhos podem ter objetivos diferentes e, por isso, não há uma regra geral na construção de planos genéticos.
Temos que usar todas as informações possíveis e torná-las condizentes com os objetivos traçados. Com certeza, fazer com que os animais produzam mais e pelo maior tempo possível, deverá ser o principal objetivo por todo o mundo. É o que Alta pensa e faz. E você, pecuarista?