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Nova uva brasileira conquista mercado inglês

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24/08/2016 11h09 – Atualizado em 24/08/2016 11h09

Uma novidade lançada em 2012 no Brasil já ganhou os paladares do mundo. Uma uva preta, com sabor especial, bom equilíbrio entre açúcar e acidez e sem sementes está fazendo sucesso na Europa e conquistou o exigente mercado britânico. A BRS Vitória é a primeira cultivar brasileira de uva sem sementes tolerante ao míldio, principal doença fúngica que ataca as videiras no país. A resistência permite a redução das aplicações de agroquímicos no parreiral.

A nova cultivar, desenvolvida especialmente para as condições climáticas do Brasil, é recomendada para regiões de clima tropical úmido, como no Sudeste, e tropical semiárido. Por aqui, a produção desse tipo de uva tem se destacado nos municípios de Petrolitana (PE) e Juazeiro (BA). Com planejamento da época da colheita, os produtores trabalham com duas safras anuais e conseguem programar a produção para que coincida com as janelas de mercado de outros países exportadores para a Europa com preços mais vantajosos. No Brasil, a cultivar já chegou às principais redes de supermercados de grandes cidades do país

De acordo com o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, João Dimas Garcia Maia, um dos coordenadores do Programa de Melhoramento Genético, com irrigação e uso de produtos para promover brotações, é possível escalonar podas durante o ano todo e proporcionar as colheitas para o melhor período do mercado. “Nas condições tropicais, a diminuição na duração do ciclo possibilita deixar as plantas em repouso por cerca de 30 a 40 dias entre os sucessivos ciclos além de aumentar o acúmulo de açúcares durante a maturação resultando em uvas mais doces,” conta Maia.

O sabor diferenciado da nova uva trouxe uma importante vantagem competitiva à balança comercial brasileira já que possibilita exportações de uva entre abril e dezembro para boa parte do mercado britânico. Além disso, a tolerância ao míldio também resultou em vantagens econômicas e ambientais. Segundo Maia, essa é uma característica que está sendo priorizada no desenvolvimento de novas cultivares de uva. “Ser tolerante possibilita uma produção mais sustentável, pois se pode reduzir cerca de 20%as aplicações de fungicidas, trazendo benefícios aos viticultores, ao meio ambiente e também aos consumidores”, enumera.

De acordo com a pesquisadora e coordenadora do Programa, Patrícia Ritschel, a BRS Vitória já foi aprovada para o plantio nas principais regiões produtoras de clima tropical e subtropical como São Paulo, Paraná, Minas Gerais além do próprio Vale do Submédio do São Francisco . Segundo Patrícia, a equipe está trabalhando no sistema de manejo para que produtores da região Sul também possam começar a produzir. “Estamos ajustando algumas questões de controle de produção e época de colheita, mas acreditamos que em regiões de clima mais úmido como no norte do Paraná ou no Rio Grande do Sul, o ideal será a utilização do cultivo protegido, para evitar problemas como a podridão-da-uva-madura”, detalha.

Os cuidados no manejo dessas cultivares no campo, definição do ponto ideal de colheita, sistema de embalagens, classificação e resfriamento pós-colheita, associado a uma boa rede de distribuição tem posicionado bem as cultivares da Embrapa no mercado, tornando possível aos consumidores conhecer as novas uvas e impulsionar a sua demanda.

Programa de Melhoramento Genético de Uva

Desde 1977, dando sequência às primeiras iniciativas da antiga Estação Experimental de Caxias do Sul, a Embrapa Uva e Vinho conduz um Programa de Melhoramento voltado à obtenção de cultivares para processamento (vinho e suco) e para mesa. Os pesquisadores buscam desenvolver novas cultivares com melhor adaptação às diferentes condições edafoclimáticas das regiões onde a videira é cultivada no Brasil. Os melhoristas almejam elevadas qualidade e produtividade, alta tolerância às doenças que atacam a cultura, como o míldio e o oídio, e materiais voltados a diferentes finalidades (mesa, suco e vinho).

O Programa utiliza métodos clássicos de melhoramento com manutenção de um Banco de Germoplasma,acervo que reúne cerca de 1,4 mil tipos de uva, entre espécies cultivadas e silvestres, variedades, clones e seleções. Estão em fase de teste três seleções para vinho, três seleções para suco, e 38 seleções de uvas de mesa.

Em cerca de três anos, a Embrapa iniciará uma nova etapa de teste de validação com novas cultivares de uvas sem sementes, incluindo seleções de cachos mais soltos e com bagas maiores, para diminuir a demanda de mão de obra e uso de reguladores de crescimento. Nesse grupo, que está em processo de limpeza de viroses, há uvas brancas, vermelhas e pretas de diferentes sabores.

Fonte: Gazeta do Povo – Paraná

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