12/09/2016 11h19 – Atualizado em 12/09/2016 11h19
Presidente, desde abril, da União Nacional dos Avicultores do México (UNA), o empresário César Quesada Macías solicitou ao governo de seu país que suspenda as importações de carne de frango autorizadas por uma quota “extra” de 300 mil toneladas, porque elas estão prejudicando os avicultores mexicanos.
Não custa lembrar, a quota “extra” de 300 mil toneladas – que permite a importação livre de impostos – foi estabelecida pelo governo mexicano há pouco mais de três anos com o intuito de complementar o abastecimento interno do mercado de frangos, afetado por sucessivos surtos de Influenza Aviária. Ela, em essência, beneficia o Brasil.
Mas, voltando ao Presidente da UNA. Segundo a imprensa local, Macías se queixa de que o estabelecimento dessa quota – definida por ato publicado no Diário Oficial do México em 16 de maio de 2013 e prorrogada em 22 de dezembro de 2015 – não beneficiou o consumidor mexicano:
“Observamos uma clara tendência de alta e, com ela, um franco deslocamento do produto nacional. Dos EUA importamos pernas e coxas; e agora, do Brasil, [carne de] peito”, lamenta.
A propósito, lembrou que na época da estipulação da quota as condições sanitárias da indústria avícola eram bastante diferentes, visto que o setor enfrentava surto de Influenza Aviária do tipo H7N3, de alta patogenicidade. E ressalta que, ultimamente, a expansão da avicultura vem sendo superior à da própria economia mexicana.
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À primeira vista, não é o peito de frango brasileiro que dificulta a vida dos avicultores mexicanos. Basta ver os números.
A quota é de 300 mil toneladas, mas o volume exportado em 2015 do Brasil para o México mal passou das 25 mil toneladas, menos de 10% do previsto. Enquanto isso os EUA exportaram para o México mais de 650 mil toneladas de pernas e coxas.
Neste ano, período janeiro/julho, as exportações norte-americanas para o México recuaram quase 3,5% devido (ainda) ao surto de Influenza Aviária nos EUA. Caíram pouco mais de 13 mil toneladas e somaram quase 380 mil toneladas.
Já as exportações brasileiras, com 132% de incremento, aumentaram quase 23 mil toneladas, alcançando 40 mil toneladas. E isto correspondeu a não mais que 10% das exportações norte-americanas. Ou a menos de 2% do consumo mexicano de carne de frango.
Repetindo, pois, não é o peito de frango brasileiro o real causador dos possíveis problemas da avicultura mexicana. De toda forma – e como sempre – prevalece o “jus esperneandi”.
Fonte: Avisite