02/08/2020 10h36 – Atualizado em 02/08/2020 10h36
Por: Gazeta do Campo
O salmão e a truta, classificados como salmonídeos, originários do hemisfério norte, são objetos de estudos científicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Criada há mais de 50 anos, a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos do Jordão do Instituto de Pesca (IP-APTA) desenvolveu projetos de pesquisa na área de biotecnologia, que permitiu resultado inédito e que pode viabilizar a produção de salmão do Atlântico em águas brasileiras, por meio de processo de aceleração da reprodução do peixe.
Uma pesquisa inédita, liderada pelo cientista do programa Jovem Pesquisador em Centros Emergentes da Fapesp, Ricardo Hattori, possibilitou a criação de alevinos de salmão do Atlântico em dois anos, metade dos anos de reprodução natural do peixe. A celeridade do processo está na utilização da truta arco-íris como barriga de aluguel para produção do salmão.
Com essa técnica, seria possível encurtar pela metade o período de melhoramento genético das espécies. O salmão leva cerca de quatro anos para atingir a idade reprodutiva, então, um processo de melhoramento de três gerações, duraria no mínimo 12 anos.
A pesquisadora Yara Aiko Tabata explica que os salmonídeos existentes no Brasil são do tipo landlocked, ou seja, fazem o ciclo de vida completo em água doce. A criação de trutas é mais difundida pelo país por ser aclimatada e apresenta bons índices reprodutivos em águas com temperatura de 10 a 12 °C; já o salmão, requer temperaturas mais baixas, ao redor de 8 °C, o que dificulta a sua criação nas águas dos rios.
“Se esta limitação é tida como um entrave para seu desenvolvimento, por outro lado, o fato de não encontrar em nossas águas temperaturas compatíveis para sua reprodução natural pode ser considerado uma condição interessante para que esta espécie venha a ser empregada como uma alternativa na pesca recreativa, sem riscos para o meio ambiente em caso de eventuais escapes”, explica Yara.
Outro resultado marcante na pesquisa foi a reversão sexual da truta para produção de lotes 100% fêmeas, eliminando machos sexualmente precoces e a triploidização, que consiste na manipulação cromossômica para a produção de lotes de peixes estéreis, e em consequência, o aumento da produtividade.
A truticultura brasileira é formada por pequenos produtores, por isso, uma forma de aumentar a renda desses profissionais é o uso de tecnologias que agreguem valor à produção. Um grande trunfo neste sentido foi a viabilização no Brasil da técnica de salmonização da truta, ou seja, o processo de pigmentação da carne com caroteinoide adicionado à ração, deixando a carne do peixe em tom rosa, característica que agrada aos consumidores. Outro resultado foi o desenvolvimento do “caviar de truta”, um produto de grande aceitação na alta gastronomia.
Os resultados dos estudos foram publicados na revista científica Aquaculture, de relevância internacional. Outro estudo liderado por Hattori sobre linhagens de truta azul foi publicado neste ano na renomada revista científica Plos One.
Por: Alexandrozinho
Fonte: Canal Rural