28/10/2020 14h08 – Atualizado em 28/10/2020 14h08
Imagem: Gazeta do Campo
As lavouras de milho do produtor Mariel Ballardin, em São Marcos (RS), assim como várias outras, estão enfrentando problemas com javalis. “Eles derrubam tudo, comem e estragam. É uma coisa séria, gente! Queria fazer um apelo aos ambientalistas: deem uma mãozinha para gente. Vocês não plantam milho, não sabem o que é destruição. Não sabem o que é a dor de plantar, gastar e não pode colher e não ter trato para o gado”, diz.
De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, a caça controlada do javali tem se mostrado ineficaz para o controle populacional desses animais. O setor defende a criação de um mecanismo mais eficiente.
“Os javalis invadem e acabam cruzando com as porcas e dão a luz ao javaporco. A legislação diz que esse porco ou esse javali, como é uma espécie invasora, não podem ser criados em currais, precisam ser eliminados. O Ibama e a Patram [Patrulha Ambiental] estão indo nas propriedades onde tem denúncia e acabam multando o produtor. As multas são pesadas! E fazem o extermínio desses animais, trazendo outro prejuízo aos produtores”, afirma.
Javali: problema sanitário poderia causar prejuízo de R$ 50 bilhões
Esses animais representam um risco sanitário para os rebanhos porque são vetor da peste suína africana. Por isso, é necessário um controle redobrado em zonas livre de aftosa sem vacinação, status que o Rio Grande do Sul busca conquistar junto à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).
Caso o produtor aviste um javali em sua propriedade, a orientação é notificar os órgãos competentes. “Existe, atualmente, um aplicativo para celular em que o produtor pode fazer o registro desse avistamento que vai ser utilizado como informação pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente para fazer a detecção, o monitoramento e o controle dessas espécies exóticas invasoras”, afirma Juliane Galvani, gerente do Programa Nacional de Sanidade Suína do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul.
Além da legislação federal, o Rio Grande do Sul tem um Plano de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali, com execução compartilhada com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema).
“Ficaram acertadas algumas reuniões técnicas entre as secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, outras entidades e o governo do estado para tentar flexibilizar algumas normativas internas, aqui do governo do Rio Grande do Sul, mas também ficou decidido que vamos procurar o Ministério da Agricultura para tentar flexibilizar as normas que permitem a caça do javali e do javaporco. É uma ação que nós vamos focar, através das secretaria e buscar algumas soluções ainda este ano”, diz o secretário de Agricultura, Covatti Filho.
A superintendente do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, Helena Rugeri, afirma que é uma questão preocupante, que requer integração e compartilhamento de responsabilidade entre os órgãos envolvidos. “Sejam os órgãos ligados à questão sanitária, saúde humana e saúde animal, e também uma integração muito forte com o produtor rural. O produtor rural necessita ser orientado sobre o risco que esse animal traz”, diz.
O deputado estadual Elton Weber (PSB) é um dos autores do pedido de audiência pública para tratar das estratégias para conter os danos causados pelos javalis no estado. Ele também pretende se reunir com o Ministério da Agricultura, Ibama e outros órgãos federais, em Brasília, para tratar do assunto. “Para que possamos simplificar ainda mais a legislação para permitir que caçadores e controladores possam fazer o seu trabalho de forma mais desburocratizada, e assim contermos, pelo menos, a reprodução e o avanço do ataque dos javalis nas propriedades do Rio Grande do Sul”, afirma.
Por: Alexandro Santos
Fonte: Canal Rural