Informações sobre a capacidade de reter e disponibilizar água nas diferentes classes de solos auxilia o planejamento e a execução de práticas agrícolas em todas as épocas do ano.
Um mapa desenvolvido por pesquisadores da Embrapa mostra a capacidade de retenção de água dos solos no estado de Mato Grosso do Sul (MS). O conceito de água disponível (AD) permite estimar o risco climático e otimizar o plantio de diferentes culturas agrícolas, considerando o clima nas diferentes épocas, as características dos solos e as exigências hídricas dos cultivos. O mapa foi desenvolvido em uma escala de 1:100.000, que mensura a AD em milímetro por centímetro do solo. Segundo o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos (RJ), Silvio Bhering, “Mato Grosso do Sul é o único estado brasileiro a contar com um trabalho nessa escala de detalhamento”.
O conhecimento da capacidade de reter e disponibilizar água nas diferentes classes de solos (latossolos, argissolos, neossolos etc.) auxilia no planejamento e execução de práticas agrícolas em todas as épocas do ano. As melhores épocas de plantio em função da AD estão disponíveis na página do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizado em parceria com a Embrapa, e também no aplicativo Zarc-Plantio Certo, que pode ser acessado pelo celular.
As informações sobre a AD contribuem também com políticas agrícolas específicas de incentivo a plantio de culturas com menores riscos climáticos, além de beneficiarem agências de financiamento agrícola e de assistência rural. Adicionalmente, esses dados são utilizados em modelos de crescimento de plantas e de fluxos de água em áreas rurais.
“O uso criterioso do calendário agrícola para o plantio em épocas com menores riscos, que varia entre as diferentes culturas nas diferentes regiões, permite reduzir as perdas da colheita por falta e por excesso de água. Possibilita o planejamento das práticas agrícolas relacionadas ao preparo e plantio e, quando seguido de forma parcimoniosa, reduz as perdas financeiras para os agricultores e o pagamento de seguros rurais”, relata o pesquisador da Embrapa Solos, Wenceslau Teixeira.
Os resultados apresentados nesse estudo se baseiam na metodologia apresentada no Boletim 282 da Embrapa Solos e são apoiados em cálculos de médias ponderadas de valores da AD dos diferentes solos existentes nas regiões do Mato Grosso do Sul.
Novos mapas já estão na mira do MS
O Mato Grosso do Sul apresenta condições agroecológicas com grandes variações ambientais relativas às potencialidades de exploração agrossilvipastoril e de degradação ambiental. O conhecimento dessas variações é de fundamental importância quando se pretende implantar estratégias de desenvolvimento rural em bases sustentáveis.
O mapa é fruto do projeto de zoneamento agroecológico do governo do MS, coordenado pela então Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), atual Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
O estado do MS, em parceria com a Embrapa e outras instituições de pesquisa e ensino brasileiras, tem investido no levantamento dos seus solos, potencialidades e aptidões. Esse é apenas um dos resultados que esses estudos vão gerar em prol do melhor planejamento do uso das terras do estado, potencializando seu uso, aumentando a produtividade e reduzindo os riscos climáticos de perdas das lavouras.
O mapa está disponível para todos os interessados, desde agricultores que pretendem planejar melhor seu calendário de plantio, representantes da assistência técnica, governo para aprimoramento de políticas agrícolas, além de agências financiadoras e de seguros rurais.
Em breve, outros mapas e informações sobre os solos do estado do Mato Grosso do Sul em escala 1:100.000 serão divulgados.
Fonte: Embrapa Solos